DiogoMainardina ilha do desespero

O áudio, o áudio, o áudio

09.07.21

Jair Bolsonaro, em sua conversa com Luis Miranda, além de citar Ricardo Barros, acusando-o de comandar o esquema da Covaxin, citou também outros dois chefes do Centrão. Um palpiteiro mais cauteloso do que eu ocultaria seus nomes, a fim de evitar o risco de ser desmentido, mas a cautela nunca foi um de meus atributos – e sem esses nomes o caso perde seu verdadeiro alcance. Jair Bolsonaro, segundo minha fonte, em quem eu confio inteiramente, citou Arthur Lira e Ciro Nogueira.

O sociopata sabe que sua conversa com Luis Miranda foi gravada. Ele sabe igualmente que, se o áudio da conversa for divulgado, seu mandato vai para a cucuia. A semana foi dominada por outro atravessador de vacinas, o policial bolsonarista Luiz Paulo Dominguetti, que acabou ofuscando as denúncias de Luis Miranda, sobretudo aquela publicada em entrevista para a Crusoé: a de que ele recebeu uma oferta de propina de um lobista ligado a Ricardo Barros para permanecer calado sobre a negociata. A CPI da Covid vai investigar o assunto. O fato, porém, é que o áudio da conversa no Palácio da Alvorada continua sendo o caminho mais rápido para o impeachment. Ao citar Arthur Lira e Ciro Nogueira, o sociopata pode implodir o apoio do Centrão.

Por menos cauteloso que eu seja, evito dizer o que os bolsonaristas devem estar fazendo para persuadir Luis Miranda a apagar o registro de sua conversa com o presidente. Como se viu no caso revelado pelo próprio deputado, trata-se de uma gente audaciosa, capaz de oferecer propina em troca de silêncio. O que eu posso dizer é que Jair Bolsonaro tem enviado recados públicos a Luis Miranda. Em primeiro lugar, ele chutou o homem de Ricardo Barros no Ministério da Saúde. Em seguida, tentou chutar o homem de Ricardo Barros na ANS, mas foi impedido pelo Centrão, que atropelou o despacho presidencial com um voto no Senado e mostrou que não aceita ser sacrificado pelo sociopata.

Jair Bolsonaro permitiu que uns quadrilheiros ocupassem o Ministério da Saúde e disputassem os contratos das vacinas. A conversa gravada com Luis Miranda é a melhor prova disso. Mario Sabino, alguns dias atrás, disse que “o foco é o áudio, o áudio, o áudio”. Repito suas palavras. O áudio é um atalho para o impeachment e, melhor ainda, para a cadeia.

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