DiogoMainardina ilha do desespero
‘Perdidinhos’
20.08.21O Antagonista reproduz todas as bestialidades que Jair Bolsonaro dispara nas redes sociais, nas rádios do interior, no cercadinho do Palácio da Alvorada. Cada uma de suas frases é escrupulosamente transcrita e estampada no site. Considerando que o sociopata usa a imprensa para enchiqueirar seus aloprados, há quem pense que talvez fosse melhor ignorá-lo. Eu penso o contrário. Eu penso que suas aspas asquerosas, por mais que elas emporcalhem nossas páginas, acabam por isolá-lo ainda mais. As pesquisas mostram isso: o eleitor, depois de ingurgitar bolsonarismo por dois anos, aprendeu a excretar sua propaganda apodrecida. Eu tenho um lado panglossiano. Acredito que, diante de 570 mil cadáveres, nem o mais perfeito imbecil é capaz de ser ludibriado.
Quanto mais a popularidade de Jair Bolsonaro derrete, mais ele apela para seus aloprados. E quanto mais ele apela para seus aloprados, mais a sua popularidade derrete. O teorema tostiniano é implacável, e foi bem resumido por Gilberto Kassab, segundo o qual o sociopata está “perdidinho”. O que Gilberto Kassab enxerga como uma oportunidade, porém, eu enxergo como um perigo. O derretimento bolsonarista chegou a tal ponto, de fato, que o único caminho que lhe resta é o golpe. Foi o que eu disse nesta semana, assim que a XP divulgou os dados de sua última pesquisa: “Ou Bolsonaro dá um golpe, ou vai para a cadeia”. Aliás, é o que venho repetindo todos os dias, a cada bestialidade disparada pelo bananeiro e estampada em nosso site. Ele se repete, eu me repito. Estou perdidinho.
O plano do sociopata, neste momento, é usar a imprensa para enchiqueirar todos os seus aloprados na Avenida Paulista, em 7 de setembro, e torcer para que ocorra algum incidente, possivelmente sangrento, que desencadeie uma patacoada armada. O saldo dessa nova tentativa de golpe, em termos puramente eleitorais, deve ser igual aos anteriores: o repúdio a Jair Bolsonaro, que atingiu 61% dos brasileiros, deve aumentar com a barbárie nas ruas. Mas nada impede que meia dúzia de agentes provocadores acabem estimulando meia dúzia de militares golpistas com meia dúzia de tanques fumacentos. A impostura sobre o “poder moderador” do Exército, repisada por Augusto Heleno, é a prova de que o bolsonarismo aposta todas as suas fichas no delírio do contragolpe. É o maior risco que corremos: diante da certeza de derrota em 2022, o bolsonarismo pode vandalizar a democracia em 2021. Se ele conseguir fazer isso, o Brasil estará perdidinho.
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