DiogoMainardina ilha do desespero

Gritando bem alto

05.11.21

Sergio Moro tem de se candidatar a presidente”. A frase é minha, publicada em setembro. Uma semana depois, dobrei a aposta:Sergio Moro vai vencer em 2022.

O que eu penso sobre sua candidatura, portanto, está consignado nos autos.

Se minha expectativa já era alta, devo dizer que o saldo dos primeiros dias de sua campanha foi ainda melhor do que eu esperava. E, por enquanto, ele nem teve de fazer nada para isso: bastou desembarcar no Brasil.

No Dia dos Mortos, um editorial do Estado de S. Paulo atacou-o sem citá-lo, lamentando que o “espírito lavajatista” continuava vivo, com sua “mentalidade antirrepublicana”. No dia seguinte, o jornal voltou à carga, dizendo que “é um grave equívoco transformar as eleições presidenciais em disputa de quem grita mais alto contra a corrupção”.

Nos últimos anos, na verdade, houve apenas uma disputa para saber quem gritava mais alto para proteger os corruptos, tanto que o assunto parecia morto. O pavor de que Sergio Moro possa ressuscitar o tal “espírito lavajatista” já justifica sua candidatura.

O aspecto mais grotesco dos editoriais do Estado de S. Paulo, porém, é que o jornal sempre apoiou ostensivamente a Terceira Via. Essa foi a novidade dos primeiros dias de campanha: além de ser atacado por lulistas e bolsonaristas, Sergio Moro passou a ser atacado também pelo fogo amigo de seu próprio bloco. Candidatos desprovidos de apoio popular querem os votos de Sergio Moro, mas sem Sergio Moro. Querem que ele apoie sem ser apoiado. A tática usada para evitar o crescimento de sua candidatura é manjada: limitá-lo à defesa do lavajatismo, constrangendo-o a falar exclusivamente sobre propina, em detrimento de outros temas.

O que eu tenho a dizer ao editorialista do Estado de S. Paulo, gritando bem alto em sua orelha, é que ele pode ficar sossegado. Sergio Moro só resolveu se candidatar porque não surgiu ninguém capaz de derrotar Lula e Jair Bolsonaro. O que o moveu não foi o “espírito lavajatista”, em busca de revanche, e sim a necessidade de oferecer um contraponto à “mentalidade antirrepublicana” daqueles dois. Se até meados do ano que vem surgir um candidato da Terceira Via mais competitivo do que ele, vai receber seu apoio. Duvido que surja. Por isso, repito: ele vai vencer.

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