SergioMoro

O retorno

05.11.21

Resolvi voltar ao Brasil e, como já divulguei em minhas redes sociais, no dia 10 de novembro de 2021, vou me filiar ao Podemos, em cerimônia em Brasília.

Os motivos da minha volta ao Brasil e do meu ingresso no mundo político serão revelados somente no dia da filiação. Até lá estão selados a sete chaves, longe dos olhos e ouvidos da imprensa. Muitos intuem os motivos e imaginam o que irei dizer, mas, como todos sabem, nem todo exercício de adivinhação é bem-sucedido.

Já ocupo esta coluna na Crusoé desde minha saída do governo, em abril de 2020. Aqui encontrei um ambiente acolhedor, dividindo-o com jornalistas e articulistas de respeito. Confesso que não foi simples, desde o início, escrever uma coluna ainda que quinzenal. É necessário escrever algo que interesse ao leitor e que, ao mesmo tempo, agregue. Optar por um tema e redigir algo novo a cada quinze dias não é tão trivial. Confesso que passei a admirar o trabalho dos jornalistas, a maioria com obrigações muito mais constantes e menos espaçadas do que a minha. Depois que ingressei no setor privado, tive que adotar um estilo mais contido, já que aquele mundo não combina muito bem com a prática de externar a todo momento opiniões políticas. Negócios e política não se misturam bem. Aliás, não deveriam se misturar de jeito nenhum, embora muita gente pense e aja de forma diferente. Após a minha filiação, terei bem mais flexibilidade para tratar dos temas do momento, inclusive da política. A caneta e a tinta estarão totalmente livres, contidas somente pelo bom senso – assim espero.

Este é um artigo de transição. Prometo que os próximos – e essa não é a promessa vazia – serão mais repletos de conteúdo. Peço a compreensão do leitor. Já este, até pensei em escrever sobre variedades ou miscelâneas, mas cheguei à conclusão de que eu estaria enrolando o leitor da Crusoé e que isso não seria apropriado. O leitor, assinante ou esporádico, é exigente e está aqui porque gosta de fatos, de matérias corajosas e do jornalismo independente.

Até teria assunto para escrever, pois na última quarta-feira foi rompido explicitamente o teto de gastos pelo governo com a concordância expressa da área econômica, a pretexto de garantir recursos para expandir o Bolsa Família ou o Auxílio Brasil. Ampliar programas de transferência de renda, considerando o cenário econômico, é positivo, mas isso poderia ser feito sem arrebentar o teto de gastos. O país, sobretudo os mais pobres, pagarão um preço caro pelo populismo do governo federal, retratado de imediato com o aumento dos juros e da inflação, com a perda da credibilidade econômica, e com desincentivos ao crescimento econômico e ao emprego.

Sepultada a Lava Jato pelo atual governo, a próxima vítima parece ser o Plano Real. Estamos brincando na beira do abismo da deterioração institucional e econômica. Embora isso até rendesse um belo artigo, terei que explorá-lo mais adiante. Então, perdoem-me, mas não pretendo continuar esse argumento nesta coluna ou mesmo escrever sobre algo paralelo. Conto com a compreensão do leitor, mas este é o único e último artigo de transição.

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