DiogoMainardina ilha do desespero

A Terceira Via é Moro

12.11.21

Sergio Moro deu o primeiro passo para se tornar presidente da República.

Até quarta-feira, havia uns quarenta candidatos da Terceira Via. Agora só sobrou um, que tem tudo para se tornar o candidato da Segunda Via, considerando que Jair Bolsonaro deve fugir da disputa em meados do ano que vem, escrachado por seu casamento com Valdemar Costa Neto, Arthur Lira e Ciro Nogueira.

O discurso de Sergio Moro na festa do Podemos dissolveu os ataques de lulistas e bolsonaristas. De quebra, dissolveu também as prévias do PSDB. Não importa a escolha dos tucanos: a questão já nem existe mais. Isso é bom. A Terceira Via, para ter alguma chance em 2022, precisa erradicar o PSDB. Doze horas antes do discurso de Sergio Moro, de fato, Aécio Neves garantiu às consortes de Jair Bolsonaro os votos necessários para aprovar a PEC do Calote, achincalhando o único trunfo tucano que ainda resistia: a responsabilidade fiscal.

Não há figura mais repulsiva que Aécio Neves. Só Jair Bolsonaro. Só Lula. Só Arthur Lira. Só Gilmar Mendes. A lista é longa, mas o fato é que a Terceira Via, para crescer, tem de remover o entulho do PSDB, e foi isso que Sergio Moro fez: o marreco esfrangalhou os tucanos.

Mas ele fez mais do que isso: mostrou que, a partir de agora, seu empenho vai ser falar sobre o futuro, conversando com um monte de gente, em todos os cantos do Brasil, a fim de construir um plano para o país. O sucesso de sua empreitada vai depender da qualidade desse plano – e das pessoas que se dispuserem a participar dele. Sem isso, aliás, nem faz sentido se candidatar.

“Muitos me aconselharam a não falar sobre corrupção, mas isso é impossível”, disse Sergio Moro, no finzinho de seu discurso. “Combater a corrupção não é um projeto de vingança ou de punição. É um projeto de justiça na forma da lei.”

Este é o melhor caminho: dizer o que precisa ser dito, e não o que é mais conveniente. Quem o aconselhou a ignorar o tema da corrupção temia que ele perdesse o apoio de políticos apavorados com sua candidatura. Mas é ótimo que os políticos nunca se sintam plenamente à vontade com ele: tanto agora, durante a campanha eleitoral, quanto mais tarde, durante seu governo. O Brasil sempre foi refém do gangsterismo mais rasteiro, que perpetuou nosso atraso e nossa pobreza. A única saída para isso, como cantou o marreco, é um projeto de justiça na forma da lei.

O primeiro passo foi dado. Faltam outros trinta e nove.

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