DiogoMainardina ilha do desespero

Bivar para vice

24.12.21

Tenho uma opinião sobre a escolha de Luciano Bivar para vice-presidente na chapa de Sergio Moro. Se você não clicar em outra página nos próximos dois segundos, vai ser obrigado a ouvi-la. Minha opinião é a seguinte: é uma boa escolha. Muito melhor do que Geraldo Alckmin.

Em primeiro lugar, Luciano Bivar é o presidente do maior partido brasileiro. Moro precisa desesperadamente de um partido para se eleger e, sobretudo, para governar. O grande temor ligado ao seu nome sempre foi este: o fato de ter prendido um monte de quadrilheiros o impediria de aprovar projetos num parlamento comandado por eles. A escolha de Luciano Bivar mostraria que Moro é capaz de obter uma base de apoio. Ao contrário de Jair Bolsonaro, que elegeu seus próprios mentecaptos, Moro viria com a base pronta, sem ter de recorrer ao suborno.

Em segundo lugar, Luciano Bivar tem a ficha encardida. Acusado de criminalizar a política, Moro passará a ser acusado de não criminalizá-la o bastante. Isso pode tirar-lhe alguns votos, mas vai permitir que ele converse com uma parte do aparato institucional, igualmente encardido, que tem pavor dele.

Em terceiro lugar, o partido presidido por Luciano Bivar incorporou os herdeiros daquela turma do PFL que se aliou a Fernando Henrique Cardoso e deu-lhe um vice-presidente, Marco Maciel. Moro repete em todas as suas entrevistas que o modelo a ser seguido, para reconstruir o Brasil, é o do Plano Real. Na carga genética da União Brasil há uma pitada daquele grupo dirigente, para o bem e para o mal.

Em quarto lugar, a União Brasil tem tantos palanques que Moro não vai precisar de mais nada. O pessoal da Terceira Via sempre prometeu trabalhar em conjunto, mas era uma balela, porque todos os dias surgem novos candidatos, e ninguém larga o osso. Pode ser que partidos como Novo e Cidadania acabem se juntando à campanha de Moro, mas a União Brasil, por si só, já supriria suas necessidades.

Em quinto lugar, a União Brasil pode contar com os profissionais que trabalhavam no DEM, incomparavelmente mais competentes do que os do PSL ou do Podemos, em áreas como propaganda, pesquisa e planos de governo.

Vou parar por aqui, porque estou especulando a respeito de nada. Ainda não há um acordo entre Moro e União Brasil, assim como não há nenhuma certeza de que o partido escolha Bivar para a vaga de vice. 2021 foi um ano pavoroso para mim – o pior até hoje. Nesta véspera de Natal, portanto, tento vislumbrar um 2022 ligeiramente menos sombrio. O fato de considerar Bivar menos sombrio do que seus pares é indicativo da calamidade em que nos encontramos. Até logo. Beijos.

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