DiogoMainardina ilha do desespero

O marqueteiro de Moro

21.01.22

O que Sergio Moro tem de fazer para derrotar Lula e Jair Bolsonaro?

Kim Kataguiri, entrevistado por O Antagonista, deu sua receita:

É ir para a briga. Moro deve ser o mais duro e incisivo possível em relação ao Lula e ao Bolsonaro. Para mim, a reação dele tem que ser firme, tem que ser forte (…). O crescimento dele passa por ter uma campanha em tom de denúncia, passa por dizer: ‘Olha, não estou tendo divergências pontuais aqui com Lula e Bolsonaro. Estamos falando de dois criminosos: um sujeito que liderou o maior esquema de corrupção do país, que foi o Lula; e o sujeito que foi o líder do país e levou o país ao abismo social, humanitário e econômico, durante uma pandemia, responsável por centenas de milhares de mortes’.”

Ele disse também:

Não há outra candidatura de Terceira Via com chance de vencer as eleições. Temos nossas divergências com o Moro, vamos continuar pontuando essas divergências, mas estamos diante de um cenário em que queremos nos livrar de dois criminosos autoritários: Lula e Jair Bolsonaro.”

Eu concordo com ele. Se eu estivesse no lugar de Moro, passaria a campanha inteira xingando os outros, em particular Gilmar Mendes. Na quarta-feira, por exemplo, o bordão “Lula canalha repercutiu nas redes sociais, alavancado pelo próprio Kataguiri. Não sei se isso rende votos. Não entendo bulhufas do assunto. Nem quero entender. Minha meta profissional, como eu já disse aqui, é mandar os “dois criminosos autoritários” para a cadeia, e não convencer o eleitorado. Essa é uma questão que tem de ser resolvida pelo marqueteiro contratado por Moro, embora haja mais picaretas nessa área do que na política e no jornalismo.

A propósito de marqueteiros, a equipe de Moro, nas últimas semanas, entrevistou dezesseis deles. Só aprovou um. Um dos descartados iniciou a conversa dizendo que, durante a campanha, manda mais do que o próprio candidato. A entrevista durou 16 segundos, e o marqueteiro foi arrumar emprego na campanha do MDB.

Jornalistas, marqueteiros, pesquisadores e consultores não influenciam ninguém, exceto uns aos outros. Desde o ano passado, eles repetem que o eleitorado, em outubro, vai votar de olho na economia, desprezando temas como a epidemia ou a roubalheira institucionalizada. Se isso fosse verdade, Moro não teria a menor chance de se eleger. Assim como Kataguiri, porém, eu me recuso a acreditar que o custo da gasolina e do tomate cancelem o assassinato em massa promovido por Bolsonaro ou a rapina desavergonhada protagonizada por Lula. Não sei o que pensa o eleitor brasileiro, mas sei que ele não pode pensar desse jeito.

Moro, na verdade, nem precisa de uma receita para derrotar seus adversários. Ele só precisa mostrar que o Brasil merece uma receita melhor do que aquela oferecida pelos “dois criminosos autoritários”. Se isso não for o bastante para se eleger, não importa: ele terá feito, mais uma vez, a coisa certa.

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