Reprodução/Facebook"O STF é uma instituição basilar da nossa democracia e não deve ser atacado, mas isso não significa que seus ministros não possam ser criticados"

‘Lindôra me disse que o inquérito não vai dar em nada’

Otoni de Paula, deputado bolsonarista investigado por Alexandre de Moraes, se queixa de ‘perseguição’ do STF e diz ter ouvido na PGR que o inquérito dos atos antidemocráticos não terá resultados práticos
28.01.22

Pastor evangélico e um dos deputados federais bolsonaristas mais radicais, o carioca Otoni de Paula, recém-filiado ao PTB, coleciona polêmicas. Quando vereador, afirmou que o Carnaval do Rio havia se transformando em um “culto a orixás com dinheiro público” e indagou se Anitta seria “cantora ou garota de programa”. Em Brasília, manteve a postura controversa. É investigado pelo Supremo Tribunal Federal em dois inquéritos, o das fake news e o dos atos antidemocráticos, e se tornou o primeiro deputado federal processado pessoalmente por um juiz da mais alta corte do país — Alexandre de Moraes entrou com uma ação de danos morais contra o parlamentar, após ter sido chamado de “canalha” e “esgoto do STF”.

Embora reconheça exageros nas ofensas ao ministro, Otoni sustenta que jamais atentou contra a democracia. “O STF é uma instituição basilar da nossa democracia e não deve ser atacado, mas isso não significa que seus ministros não possam ser criticados”, diz. Nesta entrevista a Crusoé, ele faz um relato surpreendente. Conta que, durante uma audiência com a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, braço-direito de Augusto Aras na PGR, ouviu dela que o inquérito dos atos antidemocráticos “não vai dar em nada”. “Segundo palavras dela, entrei de bucha nesse processo”, prossegue o deputado, de 45 anos. Dentro do Ministério Público, Lindôra, a quem cabe acompanhar todos os processos criminais importantes de interesse da Procuradoria-Geral que correm no Supremo, é tida como próxima da família Bolsonaro e ideologicamente alinhada com a cartilha bolsonarista.

Indagado sobre como a tropa fiel ao presidente da República deverá equalizar seu discurso na campanha eleitoral deste ano, Otoni comete, digamos, um ato falho. Diz que, desta vez, o próprio Bolsonaro precisará deixar um pouco de lado as questões que animam sua base eleitoral – sabidamente aquelas que parecem saídas de um mundo paralelo – e se voltar para os problemas da vida real. “O discurso dele precisa estar mais ao centro, onde se possa tratar sobre os reais debates da nação. É claro que o presidente tem uma base mais extremista, e que lhe é muito cara e importante, mas a pauta será mais ao centro do que para os extremos”, afirma. Eis a entrevista:

O sr. é investigado no inquérito dos atos antidemocráticos. Como está o caso?
No dia 20 de agosto (do ano passado), a Polícia Federal foi na minha casa. Levou alguns pertences meus e dos meus filhos, como celular e computador. Logo depois, houve o bloqueio das minhas redes sociais. Estou há cinco meses sem poder dar voz ao meu mandato. Uma pessoa próxima do ministro Alexandre de Moraes que está tentando ajudar perguntou ao meu advogado se eu estaria interessado em voltar a ter acesso às minhas redes sociais, só que com limites para o que eu poderia escrever. Eu disse que não. Perco meu mandato, mas não perco a minha honra. Sou um político de opinião.

Seus perfis bloqueados somavam mais de 1,5 milhão de seguidores. Em novembro, o sr. criou um perfil no Instagram que, hoje, conta com 4,7 mil seguidores e no qual adota tom mais moderado. Ao criar esse novo perfil, o sr. não está descumprindo determinação judicial?
Não havia no despacho do ministro nenhuma ordem no sentido de que eu não poderia ter outra rede. Na verdade, essa minha rede alternativa com 4 mil seguidores foi um ato meu, quase que desesperado, para dizer ao meu eleitorado que estou vivo. Até porque boa parte dos meus eleitores, por incrível que pareça, não sabe que eu não posso usar rede social por uma ordem do ministro Alexandre de Moraes. Então, muitos deles acham que não sou mais o mesmo, que perdi a coragem. Então, o prejuízo político que estou tendo é sem precedentes. Não querer que eu diga pelo menos que estou vivo, aí já é demais. Por isso recorri a essa rede alternativa, que é infinitamente menor, até porque não impulsionamos nada. O meu tom moderado nessa rede é porque estávamos no final de 2021. Deixe vir 2022. Defendo com veemência aquilo que acredito. Eu queria que o ministro Alexandre de Moraes provasse um ataque meu às instituições ou à democracia. Se ele me provar um único ataque, eu renuncio ao mandato. Não venha confundir críticas a ministros do STF, que são servidores do povo, com um ataque à instituição. Querem confundir CPF com CNPJ. O STF é uma instituição basilar da nossa democracia e não deve ser atacado, mas isso não significa que seus ministros não possam ser criticados.

O sr. foi à Procuradoria-Geral da República reclamar da operação. Com quem conversou? O que lhe disseram?
Eu estive com a subprocuradora Lindôra (Araújo) há cerca de dois meses, na PGR. Naquela ocasião, eu estava há três meses sem minhas redes sociais. Eu fui recebido em audiência, e a subprocuradora disse que eu não deveria me preocupar com esse inquérito (dos atos antidemocráticos), porque ele não vai dar em nada. E que eu só fui arrolado nesse inquérito, e que a procuradoria juntamente com o STF só mandou a PF na minha casa, porque, segundo palavras dela (Lindôra), eu entrei de bucha nesse processo. Eles precisavam acalmar o país para o dia 7 de setembro e aí, segundo ela, eu entrei de bucha. Aí eu pergunto: como se manda a PF na casa de um parlamentar que não roubou, não é ladrão nem corrupto, sem ter a mínima preocupação com a imagem e a honra desse deputado? E a resposta que esse deputado recebe é que isso aconteceu porque ele foi “usado de bucha“? Minha luta não é contra o ministro Alexandre de Moraes, mas contra esta inclinação despótica dele. Não tenho nada pessoal contra ele, mas sou crítico dos seus comportamentos.

Qual foi a sua resposta diante da afirmação da subprocuradora?
Eu fiquei tão estarrecido com a fala dela que só pude me calar. Não tive como falar nada. Simplesmente fiquei quieto. Foi um choque saber que, na verdade, passei por essa exposição por ser “bucha”.

O que a subprocuradora apresentou de elemento concreto para dizer que o inquérito dos atos antidemocráticos não vai dar em nada?
Imagino que os elementos que ela tem mostram que esse inquérito é criação da mente do ministro Alexandre de Moraes. Até agora, o tal inquérito dos atos antidemocráticos não provou nenhum ataque real contra a democracia. Ninguém está mandando matar ou atacar ministro, nem atear fogo ao STF. Mesmo populares que pedem o fechamento da Suprema Corte têm o direito de pedir, porque fazemos parte de um país democrático. As opiniões são asseguradas pela nossa Constituição.

ReproduçãoReprodução“Eu sempre fiz críticas ao modus operandi do Centrão. A coisa mais difícil na política não é não se corromper, porque isso é uma questão de caráter”
Mas pedir o fechamento da mais alta corte do país para implementar um regime ditatorial não é algo antidemocrático? E isso não contraria o que o sr. acabou de dizer: que a crítica é a ministros, e não ao tribunal em geral?
Onde está na nossa Constituição que o cidadão brasileiro não pode falar mal da nossa democracia? Onde está que ele não pode pedir afastamento do presidente da República ou o fim do modelo do presidencialismo ou fechamento do Congresso Nacional ou fim da Suprema Corte? Por mais absurdo que seja esse tipo de clamor, ele, por si só, não atenta contra a democracia. Ouvir esses clamores é uma prova de que estamos em uma democracia. Sempre se fez esse tipo de apelo e ninguém fez inquérito. Chamam o presidente de genocida, cara, e nunca abriram inquérito para isso.

Alguns aliados dizem que Jair Bolsonaro recuou e abandonou a militância mais radical.
Eu não preciso que o presidente Bolsonaro me defenda. Ele tem mais coisas para fazer, que é cuidar do país. Deixa que eu me defendo. Tudo o que falei, falei com a minha consciência. Portanto, não posso me sentir abandonado pelo presidente da República. Quem se sente abandonado pelo presidente pode se sentir abandonado porque talvez tenha feito algo pelo presidente. Tudo o que fiz foi pensando no país.

Por que o sr. decidiu se filiar ao PTB e não ao PL, partido escolhido por Bolsonaro?
Eu sempre fiz críticas ao modus operandi do Centrão. A coisa mais difícil na política não é não se corromper, porque isso é uma questão de caráter. A coisa mais difícil na política é manter a coerência, porque a política, por si, já é um plano de incoerências. Estou indo para o PTB, e não para o PL, para tentar manter a coerência. Então, como que eu partiria para o Centrão para uma possível reeleição ou candidatura ao Senado? 

Bolsonaro, então, está sendo incoerente?
No caso, ele não está sendo incoerente. Ele está tentando sobreviver. Precisava ter um partido grande, que desse a ele tempo de TV, para que possa dizer o que fez durante quatro anos de governo, mesmo em meio à maior crise sanitária mundial. É uma questão de sobrevivência.

Bolsonaro pôs o pragmatismo político acima da coerência?
Ele está colocando o amor ao país acima de suas próprias convicções. Não tenho dúvida de que Bolsonaro teve que tomar muitas atitudes vistas como incoerentes. Mas, nesses momentos, ele precisava ser pragmático por uma questão de sobrevivência política.

Além de ser alvo do inquérito dos atos antidemocráticos, o sr. foi processado diretamente pelo ministro Alexandre de Moraes, por danos morais. Como está esse processo?
Sou o primeiro deputado federal processado por um ministro do STF na história da República. Quando o ministro se sentiu ofendido pela minha fala, entendo que o que ele fez foi correto. Jogou dentro das quatro linhas do nosso sistema jurídico: sentiu-se ofendido e processou o ofensor. É diferente do que fez com Daniel Silveira. Eu falei o que quis falar. Adjetivei de lixo, esgoto do STF… Ele se sentiu ofendido e me processa. Perdi em primeira em instância, em segunda e deverei perder em terceira instância também. Se perder, vou fazer uma vaquinha para pagar ao ministro. O valor estava em 400 mil reais e, se não me engano, caiu para 70 mil reais.

Reprodução/FacebookReprodução/Facebook“É muito cedo para que lulistas e bolsonaristas achem que vão polarizar esse debate até o final”
Como alguém de dentro do bolsonarismo, o sr. aposta em uma campanha com posições mais ou menos extremadas neste ano?
Acredito que essa eleição vai ser diferente da última porque, neste momento, o presidente Bolsonaro é candidato à reeleição. Ele é o governo. Portanto, o discurso dele precisa estar mais ao centro, onde se possa tratar sobre os reais debates da nação. É claro que o presidente tem uma base mais extremista, e que lhe é muito cara e importante, mas a pauta será mais ao centro do que para os extremos.

O sr. não acredita que o brasileiro está cansado do extremismo, de um lado e de outro?
A história política é pendular. Tal como um pêndulo, ela tende a ir de um extremo a outro. Nós chegamos a um extremo de 14 anos de governos do PT, em que tivemos a radicalização em muitas áreas do país. Esse pêndulo saiu da esquerda e veio para a direita. E é natural que, nesse movimento, esse pêndulo acabe indo para o meio, para o centro. É o que nós já estamos percebendo. Aquele debate mais inflamado e extremado de 2018 não é o debate que vai reconduzir o presidente da República neste momento, porque os extremos não conseguem responder às reais necessidades da população. Eu, obviamente, apoiarei a reeleição de Bolsonaro.

Mesmo bolsonarista, o sr. avalia que pode surgir um nome de centro que tire a vitória de Bolsonaro ou de Lula?
Acho que é muito cedo para que lulistas e bolsonaristas achem que vão polarizar esse debate até o final. Hoje nós temos quase 14 milhões de desempregados, quase 20 milhões de pessoas passando necessidade no país, temos a maior crise sanitária que o mundo já viu. Temos um quadro que não propicia à população estar olhando para a política. Porém, entendo que, com o passar do tempo e a proximidade das eleições, quando a pré-campanha começar, e nos 45 dias da campanha eleitoral, tudo pode acontecer no país, inclusive o despertar de um movimento fora dessa polarização. Hoje, pesquisas mostram que o povo quer o nem-nem. Nem Lula nem Bolsonaro. Mas resta saber se alguém vai conseguir incorporar esse sentimento. Em 2018, Bolsonaro conseguiu personificar parte de um clamor da população brasileira. Será preciso ver se a terceira via vai conseguir personificar essa falta de apoio a Bolsonaro e a Lula.

O sr., pessoalmente, adotará uma postura menos radical?
Nunca me vi como radical. Acho que as pessoas confundem radicalismo com sinceridade. Por não ter rabo preso com o sistema que aí está, eu me posiciono. Me dou a liberdade de fazer duras críticas à esquerda, a ministros do STF, mas ao mesmo tempo critico o próprio governo. Fui o único deputado federal da base do governo a criticar a tal Carta à Nação (aquela escrita com a ajuda de Michel Temer, em que Bolsonaro aparou arestas com Alexandre de Moraes). Entendo que o bolsonarismo não pode se tornar uma religião, porque não se pode perder a liberdade do senso crítico. Quem critica o governo não pode ser visto como traidor ou inimigo, mas como alguém que apoia o governo, mas é crítico.

Enquanto defensor do bolsonarismo, o que dizer aos eleitores não alinhados com o presidente sobre a rejeição às vacinas, sobre o negacionismo numa pandemia que matou mais de 600 mil pessoas e sobre suspeitas de corrupção envolvendo gente do governo?
Os eventuais erros de condução na pandemia são erros que podemos entender como preocupação do presidente de salvaguardar a população. Ele se preocupou que os laboratórios garantissem quais seriam os efeitos colaterais da vacina e que, tendo efeitos colaterais, a população seria socorrida. Todas as vacinas foram compradas pelo governo federal. Sobre casos de corrupção, até hoje nunca foi comprovado. Até hoje não houve corrupção no governo. Uma coisa são casos de uso impróprio do recurso público que podem envolver parlamentares da base, embora não haja comprovação. Seja quem for o presidente da República, ele só vai conseguir governar com um governo de coalizão. Isso significa que qualquer um precisa ceder mais do que gostaria e mais do que disse que iria ceder, antes de sentar naquela cadeira. Lamentavelmente, nós queremos o mesmo Bolsonaro que era candidato. Só que o Bolsonaro candidato achava que poderia libertar o Brasil sozinho. O presidente Bolsonaro percebeu que não vai conseguir mudar nada da noite para o dia. Portanto, tem que sentar e compartilhar o poder, contanto que não se corrompa.

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  1. Ele não quer enxergar o que está totalmente exposto: esse governo é corrupto e incompetente! Não dá pra confundir desespero de salvar a própria pele com amor ao país! Fora que ele precisa de uma rede social pra mostrar que está ativo?!?! E aquele verbo? Trabalhar? A gente banca isso! As contas maiores que o pagamento e a gente banca essa corja vivendo como marajás!

  2. Lindora tambem me disse que nao vai dar nada com o 01, 02, 03, 04 e tantos quantos filhos o BOZO apresente, e mais politicos que o apoia numa relacao sem fim. Todos usam rexona e sempre cabe mais um. NEM PASSADO, NEM PRESENTE, MORO PRESIDENTE. JAIR caindo fora.

  3. Depois dos atos antidemocráticos da Av Paulista, pensei que o JB iria colocar tanques de guerra na Praça dos 3 poderes. Mas, covarde que ē, abaixou às calças pedindo perdão à nação. Esse filhote de ditador e sua turma, merecem ZERO nas próximas eleições

    1. Até pode ser para satisfazer as demandas das crianças rm época natalina, contudo sabemos distinguir muito bem os i-dio-tas..

  4. Bolsonaro traiu os seus eleitores em nome da sua "sobrevivência política". Isso por si só já é motivo suficiente para ser escurraçado do poder.

  5. Quando perguntado sobre a corrupção neste Governo ele diz que não existe, pelo menos ninguém comprovou, e ele acha que ter informação privilegiada do Ministério Público sobre o seu caso é o que? Lamentável ainda vermos este tipo de personagem na nossa política onde se ver corrupção no governo dos outros mas no que ele defende não tem nada, pior cego é aquele que não quer ver!

  6. O notório entrevistado, apelidado de deputado, deu um verdadeiro show de demência, cinismo, subserviência, titubeio. Bate e assopra ao mesmo tempo, num raciocínio curto sem pé nem cabeça. E um tipo desse ainda se diz pastor evangélico. Que pena!

  7. Nem todo mundo tem a sorte de ter uma advogada no Ministerio Publico Federal como no caso deste deputado. Que privilegio bacana. So no Brasil do MINTO e destes procuradores atuais da republica, isto nao da em nada. NEM PASSADO, NEM PRESENTE, MORO PRESIDENTE.

  8. Nunca votei no Lula. Mas votei no bostanaro por causa do lula. Hoje é nunca mais lula nem bostanaro. Não entendo como uma pessoa ainda pode querer essas figuras de volta. Só pode ser oportunista, alienada ou simplesmente BURRA pra não dizer gado

  9. A entrevista só vem a comprovar o que é sabido de outras maneiras: o bolsonarismo é uma doença que depois de instalada não tem cura...

    1. Honestidade, caráter , ética; deve ser porque você não sabe o q e isso!

  10. Francamente uma revista como a Crusoe da qual sou assinante há muito tempo dar espaço para uma criatura dessas nem sei o que dizer, talvez, desnecessário

    1. É um “pastor”, um “cristão” idêntico aos muitos surgidos na Era FAMILICIA BolsoNero ,os evangélicos corrompidos pela ganância e ambição desmedidas, exploradores da fé dos humildes, os da goiabeira para falar com Deus.

  11. ALIADOS do BOLSONARO: os EXEMPLOS EXECRÁVEIS que uma SOCIEDADE tão CORRUPTA é capaz de produzir! São DEGENERADOS MORAIS que IMPEDEM o BRASIL de AVANÇAR! Em 2022 SÉRGIO MORO “PRESIDENTE LAVA JATO PURO SANGUE!” Triunfaremos! Sir Claiton

  12. Muito boa a reportagem. Ajuda a entender como pensa que pensa o gado. Resta à Lindora esclarecer algumas coisas. Com a palavra, Alexandre Moraes.

    1. esse sujeito com suas falacias nos causa nojo,é repugnante.

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