DiogoMainardina ilha do desespero

Macaco em Auschwitz

11.02.22

Em vez de terceira via, Terceiro Reich. Duas semanas atrás, escrevi na Crusoé que o fantasma do velho ACM continuava a assombrar o Brasil. Jamais imaginei que isso pudesse se aplicar também a Hitler. Nosso atraso saiu da Bahia e chegou a Auschwitz.

Acompanhei de longe os episódios desta semana, porque nunca tinha ouvido falar nos dois energúmenos que reintroduziram o nazismo no debate nacional: o podcaster Monark e o ex-BBB bolsonarista Adrilles Jorge. O primeiro foi punido com a perda de patrocinadores, o segundo foi demitido. Isso mostra que algumas trincheiras de civilidade ainda resistem – mesmo num ambiente degradado como o brasileiro.

Mas é espantoso que, em plena campanha eleitoral, com uma epidemia em curso e uma pobreza avassaladora, tanta gente se disponha a discutir sobre o partido nazista, e não sobre o PRTB ou o PSC. Nossa realidade, de fato, é representada por Aldinea Fidelix e Everaldo Pereira, e não por Himmler ou Goebbels. A imbecilidade regressiva empurrou o país para uma esfera patológica. Ao contrário do que escrevi naquela coluna, não é mais uma questão de retroagir quatro décadas, para o tempo de ACM, ou oito décadas, para o tempo de Hitler. Trata-se de retroagir para o tempo dos macacos.

As redes sociais, claro, exacerbam e premiam a imbecilidade, levando a macacada a fazer qualquer estripulia por uma banana. Mas isso não se limita ao YouTube. A insanidade bolsonarista e a rapinagem lulista contaminaram todos os meios, infectando o ambiente político.

Estou paralisado, com dor nas costas, num claro sinal de apodrecimento do meu organismo. Isso deve ter afetado também minha capacidade de discernimento. Mas é indiscutível que meu tempo já passou, como provam os dois imbecis. Tenho repetido a mesma pergunta todos os dias, antes de ligar o computador: o que estou fazendo aqui? A resposta é sempre igual: sou um ancestral daquela macacada, extinto numa era remota.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO