MarioSabino

O Mal

11.02.22

Sempre sintonizado com a atualidade dos debates nacionais, perdi tempo nesta semana que termina, explicando a compatriotas sem leitura e sem juízo por que as ideias nazistas não deveriam ser descriminalizadas e por que seria absurdo permitir a criação de um partido nazista, em nome da liberdade de expressão. Publiquei dois artigos sobre o assunto em O Antagonista e prometi não voltar mais a ele. Quebro a minha promessa na Crusoé, porque havia deixado em segundo plano um dos argumentos levantados pela turba: se o nazismo foi proscrito, por causa das atrocidades que cometeu, o comunismo também deveria ser. Afinal de contas, líderes e partidos comunistas mataram muitos mais milhões de pessoas do que o nazismo.

Acho odioso contar mortos como se fossem pontos de partida esportiva — e a partida para os nazistas durou bem menos —, porque não se trata disso, ao contrário do que pensam os energúmenos. Sim, o comunismo cometeu atrocidades incanceláveis na Europa do Leste, na China, no Camboja e na Coreia do Norte. As suas derivações latino-americanas, os regimes de Cuba e Venezuela, causaram e vêm causando imenso sofrimento a milhões de pessoas, e boa parte delas viu-se obrigada a refugiar-se em outros países. Josef Stalin e Mao Tsé-Tung eram carniceiros e transformaram assassinatos em massa em política de estado. É, de fato, inconcebível que haja um cérebro com dois neurônios que ainda defenda essas duas bestas do apocalipse ideológico. Sobre a comparação entre comunismo e nazismo, escrevi apenas, em O Antagonista, que duas monstruosidades não fazem um acerto, nem de um lado nem de outro. O ponto que deveria ser pacífico é que, ao eleger, como alvos de destruição total determinadas etnias, seres humanos com problemas físicos e mentais e pessoas com orientações sexuais diversas, as ideias nazistas são inaceitáveis de qualquer ponto de vista moral ou político. Não passam de apologia a crimes contra a humanidade e sua formalização em programa de partido político é inconstitucional. Encontram-se fora do campo do debate ideológico e, portanto, do domínio da liberdade de expressão”.

Explico melhor aqui. Não direi que stalinismo, maoísmo e correlatos são “desvios” do comunismo, associados ao fenômeno do culto à personalidade. Essa foi a linha de defesa da esquerda, quando os crimes dos venerados timoneiros vieram à tona. Depois da sua morte, Stálin viu-se acusado pelo próprio partido comunista soviético, em 1956, quando o então secretário-geral Nikita Kruschev, em sessão secreta de cinco horas com outros dirigentes comunistas, denunciou os crimes do seu predecessor, a quem havia servido. Mao Tsé-Tung não foi denunciado, mas exilado no passado pelo partido comunista chinês, depois que o regime abraçou relações capitalistas, em consequência do massacre de estudantes na Praça da Paz Celestial, em 1989, momento limite no qual seus próceres viram que corriam o risco real de ser derrubados. O genocida Mao Tsé-Tung continua a ser formalmente reverenciado, mas o meu intérprete chinês durante a visita que fiz à China, em 2008, riu ao saber que os livros do ditador ainda eram lidos no Brasil. Lembro que, quando estava preparando a edição especial dos 40 anos da Veja, deparei-me com a reportagem que tratava da morte de Mao Tsé-Tung, em 1976. Ele foi descrito como um poeta. Li trechos para Roberto Civita, dono da revista, e perguntei como havia deixado que saísse uma coisa daquelas. Roberto Civita arregalou os olhos, disse que não se recordava da reportagem e que provavelmente estava em Paris, na semana em que foi publicada. Ri como o meu intérprete chinês.

O comunismo é um totalitarismo e, como tal, deve ser condenado, repudiado, combatido. O stalinismo e o maoísmo não foram desvios, mas desdobramentos previsíveis de duas histórias e culturas políticas, a russa e a chinesa, avessas à democracia, como demostram hoje Vladimir Putin e Xi Jinping. Depois de esmagar liberdades na Rússia, o primeiro sonha em restabelecer o império soviético, sem comunismo, e cobiça a mesma Ucrânia que Stálin dizimou com a fome; o segundo permanece firme na execução daquela hibridez lançada por Deng Xiaoping, segundo a qual não importa a cor do gato, desde que ele cace o rato, enquanto persegue minorias que julga perigosas e se prepara para invadir Taiwan. Da mesma forma que a Rússia, a China nunca foi e nunca será uma democracia. Há milênios, os seus gatos mudam de cor. Na Europa Ocidental, a partir das denúncias dos crimes de Stálin, os partidos comunistas, guiados desde o início por Moscou, enfrentaram defecções e rachas e tiveram de se haver com a resistência de sociedades pluralistas.

Na Itália, a partir da década de 1970, o PCI, na época a maior agremiação esquerdista do Ocidente, rompeu com os soviéticos e criou os conceitos de “eurocomunismo” e “terceira via” (sim, a invenção do termo é deles), em busca de um caminho democrático para o marxismo, como se tal possibilidade houvesse. As Brigadas Vermelhas mataram Aldo Moro, em 1978, porque viram no sequestro e assassinato do expoente da democracia cristã a maneira de evitar que a centro-direita formasse uma coalizão com o PCI e pusesse a “revolução proletária” a perder. Quatro anos depois, assisti a uma palestra de um senador comunista italiano na PUC, em São Paulo. Impecável no seu terno bem cortado e emoldurado por uma gravata Marinella, em contraste com os barbudos petistas, Armando Cossutta causou indignação barulhenta na plateia ao responder a uma pergunta sobre como o PCI via o conceito marxista de ditadura do proletariado. Ele declarou: “O PCI considera a ditadura do proletariado uma ideia morta”. Depois da queda do Muro de Berlim, e já havia muito transformado em braço da social-democracia, o partido comunista italiano finalmente mudou de nome, para continuar existindo como agremiação. Outras grandes agremiações comunistas, em diversos países, simplesmente desapareceram.

Não estou passando pano (odeio essa expressão, mas devo me adequar) para o comunismo e seus criminosos. A ideologia é intrinsecamente ditatorial, produziu monstros, deu margem a genocídios, mas a história mostra que houve circunstâncias geográfico-culturais para as suas configurações, conflitos internos e divisões no seu âmbito, defecçōes — e que muitos dos seus crimes hediondos foram revelados por comunistas. É natural que, do ponto de vista da vítima, no lugar da qual os espíritos decentes precisam colocar-se, não importa se quem a está torturando e matando o faz por motivações étnicas ou políticas. É imoral e ponto. Mas o mal nunca foi uma banalidade institucionalizada (empresto a expressão de Hannah Arendt) nos regimes comunistas. A distinção entre certo e errado continuou a existir, sem promiscuidade, entre os cidadãos que viviam sob seu jugo, por mais que a doutrinação fosse pesada, e ela não desapareceu entre vários dos seus líderes, mesmo entre aqueles que escolhiam a ignomínia, o que certamente não lhes reservou um lugar no paraíso, mas em algum círculo do inferno. Os stalinistas escondiam os seus crimes; os hitleristas propagandeavam os deles. Só passaram a tentar escondê-los diante da inevitável derrota para os aliados, que os julgariam pelo velho metro que o Fuehrer queria abolir. Os comunistas perseguiam (e perseguem) quem era contra. Os nazistas perseguiam quem era o que era, simplesmente. Para ficar mais claro: quando os soldados soviéticos chegaram a Auschwitz, eles não acharam lá a mesma abjeção dos gulags de Stálin. Encontraram algo muito pior, o horror absoluto, e se chocaram com isso — ao contrário dos alemães nazificados, que só faziam de conta que não sabiam de tudo.

O resumo é este: o comunismo faz muito mal, mas pode ser combatido no campo das ideias (o combate tem sido bastante exitoso, convenhamos) e tem uma atenuação civilizada, a social-democracia; o nazismo é O Mal e, desse modo, não pode ser combatido no campo das ideias nem existe atenuação para ele. Não se discute com quem faz da eliminação de um povo — o judaico — um dos dois pilares da sua existência, ao lado da “supremacia ariana”. É uma barbaridade que está inteiramente no terreno da psicopatia e da marginalidade. A prova é que existe ex-comunista sincero, mas não existe ex-nazista sincero. Por não poder ser combatido no campo das ideias, o nazismo não é ideologia. Por não ser ideologia, deve permanecer inscrito no Código Penal.

Em 1942, ocorreu uma conferência em Wannsee, nos arredores de Berlim, dos chefões encarregados por Adolf Hitler de planejar a “Solução Final” para os judeus. O mestre de cerimônias foi Reinhard Heidrych, que ficaria conhecido como um dos arquitetos do Holocausto. Adolf Eichmann, cuja condenação propiciou a Hannah Arendt escrever o seu livro sobre o julgamento desse burocrata nazista em Jerusalém, fez as vezes de secretário da conferência. Como relata a pensadora, Adolf Eichmann ficou maravilhado com o que presenciou:

“Embora estivesse dando o melhor de si para ajudar na Solução Final, ele ainda tinha algumas dúvidas a respeito de ‘uma solução sangrenta por meio da violência’, e essas dúvidas agora haviam sido dissipadas. ‘Ali, naquela conferência, as pessoas mais importantes tinham falado, os papas do Terceiro Reich’. Agora ele podia ver com os próprios olhos e ouvir com os próprios ouvidos não apenas Hitler, não apenas Heydrich ou a ‘esfinge’ Mueller, não apenas a SS e o Partido, mas a elite do bom e velho serviço público disputando e brigando entre si pela honra de assumir a liderança dessa questão ‘sangrenta’. ‘Naquele momento, eu tive uma espécie de sensação de Pôncio Pilatos, pois me senti livre de toda culpa’. Quem haveria de ser o juiz? Quem era ele para ‘ter suas próprias ideias sobre o assunto’? Bem, ele não era o primeiro nem o último a ser corrompido pela modéstia.”

O nazismo corrompia pela modéstia, uma ironia de Hannah Arendt para o fato de toda uma nação ter aceitado “cumprir ordens” de criminosos sádicos pretensamente superiores, cujo único propósito era a destruição em escala industrial de tudo que significasse humanidade e civilização fora dos gostos pessoais de Adolf Hitler. O escritor Thomas Mann mostrou o seu nojo pelos nazistas quando leu que um deles havia dito que iriam “fazer de Paris um parque de diversões e da França, em geral, um bordel e um quintal para a Europa Alemã”. O escritor se perguntou, em 1941: “Pode haver brutalidade mais descarada?”. Podia. A destruição não se limitava a humilhar um país rival. Era preciso cancelar os conceitos mais básicos de moralidade, para alcançar o extermínio de seres humanos reduzidos à condição de insetos. A “moral proletária”, de caráter classista, não eliminava completamente valores preexistentes; a “moral ariana”, de caráter racial, era a completa imoralidade. Os “conservadores” nazistas queriam demolir até o conceito de família e, para tanto, chegaram a instituir as Lebensborn, casas onde mulheres e homens de “sangue puro” copulavam para produzir bebês que pudessem ser criados pelo estado nazista e formar uma espécie de gado ariano.

A conferência de Wannsee foi tema do filme Conspiração, lançado em 2001 e estrelado por Kenneth Branagh, no papel de Reinhard Heyndrich. Ao final, ao tomar um último drinque com outro participante da conferência, o arquiteto do Holocausto ouve do interlocutor que se abriria um grande vácuo no Terceiro Reich, depois que todos os judeus fossem exterminados, uma vez que o massacre deles era o seu grande propósito. A ficção explica a realidade. Aconselho a quem não lê livros que pelo menos assista ao filme.

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  1. A vaidade é o pecado favorito do diabo… então é isso, “está decretado: eu sou o dono da verdade porque sou mais inteligente, estudado, viajado e, não suficiente, ainda tenho a palavra final. LEIAM O LIVRO, VEJAM O FILME, COMPREM O DISCO! Cumpra-se, arquive-se”. E satamonho, nas profundezas, rindo à toa…

  2. Mario parabéns 👏👏👏 que este texto possa ser compartilhado eternamente nas cabeças pensantes brasileiras

  3. Tendo em conta que as religiões cristãs, predominantes no Brasil, assentam (e ensinam) valores diametralmente opostos à barbárie nazista, ter esse código moral como força inata de repulsa ao nazismo é um pró, não um contra. Tampouco inviabiliza o debate público ou o contamina por suposto vício original.

  4. Durante a leitura, imaginei alguém lendo a coluna em algum púlpito clerical. Com otimismo, pensei na possível vergonha que os fiéis no credo ou nas ideias pudessem sentir, se compararmos os valores e ideais dos atuais líderes das pesquisas no país. Mas, otimismo (retiro de Galbraith a expressão de que o otimista é um tolo mal informado) não pode prosperar em terra tão árida. Com apenas um discurso para restabelecer os valores combinados, em nome do Messias, e o Pai no comando, e tudo se foi.

  5. Lindo texto! Parabéns! Abomino qualquer ideologia totalitária. Só a educação maiúscula -para ensinar a pensar, sem ideologias- poderá salvar a humanidade. A corrupção e a falta de educação são os grandes inimigos da democracia.

  6. Maravilhosa reflexão! Vc é um bálsamo semanal para os descrentes do Brasil e da humanidade. Há esperança, mesmo que ela venha inconscientemente de um pessimista.

  7. Nazismo, sem comentários. Aos comunistas brasileiros, uma lembrança: nossa renda per capita gira em torno de 30.000,00 Reais ao ano. Quem gasta mais do que isso, não passa de um comunista de araque ...

  8. Sabino sempre brilhante em seus artigos e livros. De modo didático, expôs a diferença entre comunismo e nazismo. Parabéns!

  9. Excelente, oportunidade nesses tempos, para o BEM. É uma boa reflexão... parabéns... ... que tal colocar um pupilo no seu rastro... e enriquecer a banda BOA.

  10. Qual é a diferença quando o MAL, guiado pela ``inteligência emocional´´, como ocorre no nazismo, que não encontra respaldo na ``inteligência racional´´ seu explicador, e o comunismo, também guiado pela ``inteligência emocional´´ com intelectuais atuando como seus justificadores?

  11. Tanta erudição pra terminar dizendo que o comunismo nao é o Mal como o nazismo o é ??? Pensei que Mario fosse inteligente e um espirito independente como Arendt Preciso concordar com Mestre Olavo toda,a pseudointelectuidade latino americana é um campo minado submetido ao marxismo marcusiano e extremamente superficial Mario vc foi mais,uma decepção

    1. Embora 100% didático , não adianta para muitos entenderem . Mesmo sem ser rebuscado na lógica dos acontecimentos , ainda assim a diferença nada sútil entre nazismo e comunismo ( ambas nefastos ) não está ao alcance de todos . E não adianta argumentar . Perda de tempo .

    2. Não adianta Aniete e Maria, tem gente que nem desenhando... . Colocaram nessas cabeças que temos que combater o comunismo até a morte, que eles comem criancinhas, então eles nunca conseguirão ver algum aspecto menos negativo no comunismo em relação a qualquer coisa, nem mesmo o nazismo.

    3. Senhor Fernão Leia novamente o artigo. Ali está colocado que o comunismo pode ser combatido pois tem ideologia ( campo das ideias) ; e o nazismo não pode ser combatido pois não tem ideologia ( campo real da execução por meio do extermínio humano). São crimes contra a humanidade ( comunismo e nazismo) porém de natureza completamente diferente.

  12. Pequena correção: Heydrich sempre foi o executor do holocausto e da Solução Final, não seu arquiteto. Como maior carniceiro do regime, não possuía funções macro nem de estratégia de dizimação. No próprio filme a que você faz menção, resta claro que ele está cumprindo ordens previamente debatidas em uma conferência do primeiro escalão, no qual o termo "Solução Final" foi cunhado. A Solução Final foi, de fato, arquitetada por Himmler, sob a aprovação de Hitler e redigida por Eichmann.

    1. Dionísio perfeito seu comentário .. acrescentando Heidrich liderando a Gestapo foi peça importante na invasão da França e foi cognominado como Açougueiro de Lyon pelas barbaridades que lá cometeu .. morreu explodido nas ruas de Praga em 1942 por soldados tchecos.

  13. Resumo: fez um mega embassamento pra passar pano na esquerda, digo, social democracia. Foi bem. Mas no fundo deve ser ruim pensar: sou esquerdista e tem Uma galera que nao ve diferenca entre comunismo e nazismo. Vou ali ler Narloch e ja volto.

  14. A diferença fundamental entre Comunismo e Nazismo é que um venceu e outro perdeu a guerra. Todas as interpretações de ambos decorrem essencialmente desse fato.

    1. Arendt precisa ser muito bem lida e estudada,nao merece ser usada com a superficialidade que mario fez

  15. O comunismo praticou tanto o ódio de classe quanto o ódio étnico ao loga da história. Basta ler sobre russificação e repressão étnica nas antigas repúblicas soviéticas, que resultaram no atual problema ucraniano ou mesmo a situação dos uigures na China contemporânea. O artigo discute filigranas conceituais sobre perversidades gêmeas. Também discordo sobre a inexistência de uma versão atenuada do nazifascismo. Impossível não traçar paralelos com a emergente direita nacionalista populista.

  16. Eu entendo o comunismo como a última etapa do socialismo, então o comunismo mesmo, nunca ocorreu, pois sempre teve uma hierarquia de classes, jamais uma igualdade plena. Tanto o conservadorismo do Bolsonaro, como o socialismo do Lula, tem o potencial de descambar p/ a perseguição de pessoas e grupos, o que já ocorre hoje. Regimes totalitários são resultado de instituições corrompidas, questão que temos hj no Brasil. Com Bolsonaro e Lula, temos q ter sempre um olho aberto. MORO NELES 🇧🇷

    1. engano PAULO o comunismo existiu nos primórdios da humanidade quando o homo sapiens descobriu a agricultura que explorava em pequenas comunidades ou clãs dividindo e compartilhando tudo .. o crescimento das populações o mataram rápido pois aí nasceram os vagabundos a comer o esforço de outros .. era uma espécie catalogada como "lulas terrestris" que se nutria roubando a produção dos incautos.

  17. Prezado Mário Sabino. Teus textos são o pouco que ainda resta de humanismo e razão. Goiaba idem com um quê de humor. Muito obrigado por este naco de civilidade. Pena que o Diogo Mainardi tenha preguiça de escrever.

  18. Parabéns, belo artigo, Mário. Espero que os jovens aprendam e parem de dar tiro no próprio pé. O estrago foi considerável em um ano delicado e, com um mar cheio de tubarões esperam pela menor gota de sangue derramada.

  19. Que coincidência. Hoje estive em Auschwitz. Já havia estado há cerca de 6 anos. Saímos cedo de Cracovia em uma van para visitar o complexo Auschwitz-Birkenau. Trouxe meus dois filhos de 21 e 19 anos para vivenciarem o que todas as pessoas de bem deveriam pois é uma experiência que escancara o quanto o homem pode ser mal e nos alerta que a vigília pela liberdade deve ser constante. Quem enaltece o nazismo certamente não tem ideia do que foi Auschwitz.

  20. Este texto é só para dizer que o c comunismo não é tão ruim quanto o nazismo? Para mim os dois São péssimos para humanidade. Com a diferença que o comunismo ainda é defendido e aplicado atualmente. E é tolerado por ignorantes ou canalhas que querem burlar a verdade. Fora comunistas e nazistas.

  21. Mario, boa tarde. O grande problema é que o MAL são sempre os outros. Qualquer regime que mate, é EXECRÁVEL. Toda morte é um crime contra a HUMANIDADE. Não importa que quem cometeu o crime foram os Nazistas, os Comunistas , os Ditadores. Todos são Canalhas. Todos os regimes são geridos por homens/mulheres. Todos esses regimes deveriam ser proscritos. Pena que tudo tenha que ser relativizado de acordo com os nossas crenças. Nunca existirá uma morte por um bom motivo. NUNCA!!!

  22. Excelente Mario! A Hannah Arendt lançou muita luz sobre os dois "isms", como ela é tão atual. Gostei de tua leitura dessa polemica.🙏💪

    1. Também vale a pena assistir a série Hitler's Circle of Evil na Netflix. Nos cinco primeiros episódios (de um total de 10) pode-se compreender como um grupo tão abjeto chega ao poder, por via democrática, quando da formação de uma tempestade perfeita assolando os alemães.

  23. O filme é excelente! Stanley Tucci no papel de Eichmann e Colin Firth interpretando o ministro da Justiça que exita quanto a operação final. Destaque para a trilha sonora, o Quinteto de Cordas de Schubert é sublime.

  24. Mario, muito bom! Leitura obrigatória de Hannah Arendt sobre a banalidade do mal. Podemos entender claramente o que ocorre no mundo hoje, em especial nos países que vivem uma ditatura, onde um manda e o outro obedece. Nós, seres humanos, não podemos abdicar do uso da razão. A banalidade do mal, vem de não usar a razão na analise de todos os fatores envolvidos, só interessa meu pequeno poder. Cada um deve avaliar: quero mudar minha mentalidade? Quero que tipo de mentalidade para meu povo?

  25. Mário, o mal é o mal, não importa travestido de quê. Nada justifica eliminar o opositor nas ideias pela morte. Os negros foram perseguidos e segregados e mortos até pouco tempo na dita maior democracia do mundo, os EUA. A discussão é ampla e deve ser enfrentada, sob risco de a história se repetir.

  26. Parabéns pelo artigo, mas ainda não consigo diferenciar nazismo de comunismo. Ambos pregam a violência como método e a ditadura, o que é imcompatível com o debate de idéias, de ideologia. O comunismo só é tolerável por ser insignificantemente minoritário. No mínimo propala ideias inconstitucionais que poderiam ser interpretadas como incitamento à ilegalidade.

  27. Vou ler mais uma vez, ou melhor, vou ler várias vezes esse texto. Confesso que acreditava que o debate sobre o nazismo cuidaria de expurga-lo.

  28. A ditadura do proletariado foi uma ideia que não vingou mas em seu lugar ergueu-se o bem sucedido Marxismo Cultural que já começa com a crítica a ideia de Certo e Errado. É certo o que favorece a "causa. No Brasil, a alta corte leva isso ao pé da letra.

  29. Satanizam o povo alemão mas não o russo ou o chinês!! Hitler. Stalin ou Mao Tse Tung são diferentes em que? Por que tanta magia em torno de Castro e o seu paredon? Putin é um Hitler moderno, com seus canhões apontados pra Ucrânia, mas, e dai? Não há o que relativizar! Vamos encarar o touro ou ficar tocando castanholas?

    1. Lúcia veja isto .. no paredón cubano oficialmente foram mortos 8.190 cidadãos "contrarevolucionário" mas nenhum deles por Fidel Castro que delegou a tarefa ao argentino Guevara algo feito de forma tão brutal que o sentenciado à tarde e era fuzilado pelo próprio herói de idiotas insanos na madrugada ... quem o ladrão mor deste patropi mandará nos fuzilar? um general ou cabo venezuelano? ou algum argentino sob as bênçãos do papa? ou delega ao Zé Dirceu que nos prometeu publicamente isto?

  30. Artigo muito bem escrito, como sempre. Mas permita-me uma outra visão. Eu defendo que as democracias têm que se defender daqueles que as usam para destrui-las. Sejam quais forem os pretextos: raciais ou ideológicos. Partidos extremistas que pregam o fim da democracia liberal, sejam nazistas, fascistas, comunistas ou teocráticos deveriam ser ilegais.

    1. Como responsabilizar uma rede de robôs que é ardilosamente utilizada pelo atual governo, em diversas camadas, na intenção clara de se imiscuir da culpa do ato criminoso? Liberdade de Expressão é a sua, que escreve o que quer e o que pensa aqui. Assim como a minha de igual modo. Mas o gabinete do ódio, que usa de uma rede de computadores (robôs) para disseminar o ódio e mentira não deve ser considerado como um ato de liberdade de expressão humano, mas sim como um crime.

    2. legal Ivan mas veja que o presuposto de uma nação verdadeiramente democrática é a liberdade que a quadrilha e tentáculos querem destruir hoje "controlando" a internet (algo ridículo por impraticável) e as redes sociais onde o povo emana seu sagrado direito de opinião ... mas o controle da liberdade não é proibir mas responsabiluzar pois a ninguém é dado o direito de caluniar, difamar ou injuriar e para isto existe a lei que "ototidades" ditadoras não usam como deveriam a esmagar a cidadania.

  31. Notar que mesmo que o comunismo fosse proibido de se organizar em um partido (ainda mais no Brasil, onde é uma "zona" a suposta ideologia de cada partido), algum grupo poderia criar um partido como "Partido da Felicidade Eterna" e, ao ser eleito (o que falou na campanha não interessa, como já vimos) passar a aumentar o controle do estado sobre todos, como muita coisa que o PT já fez. Nessa linha, em algum momento, ter-se-ia a materialização do comunismo, com uso da instituições e das regras.

    1. Marcello lembra do Estado do Bem Estar Social em moda na Europa século passado? Criado por Bismarck na Alemanha no fim do séc. XIX adaptando o capitalismo social dos países nórdicos conseguiu equilibrar as relações sociais por algum tempo fracassando depois e ainda resiste na Noruega e Danamarca .. o ser humano evoluiu competindo tomando carniça de feras e isto está no seu sangue então aquilo que seria a andítodo ao comunismo e ao "novo homem" só gerou ditadores assassinos matando sob utopias.

  32. Um lembrete apenas. 1) A União Europeia condenou, por meio de resolução, igualmente o nazismo e o comunismo. 2) Para se chegar ao comunismo, a violência (mortes) é indispensável. Lênin diz isso e Marx também. 3) Se é verdade que o comunismo pode ser combatido com ideias, depois de instalado o regime todas as ideias contrárias são sufocadas, e pela força. 4) Li o livro da Arendt sobre o Eichmann e não pesquei a frase, que é genial.

  33. Sensacional! Obrigado Sabino! Parece inacreditável que em 2022 ainda haja este tipo de discussão, mas infelizmente, volta e meia temos que voltar a este assunto.

  34. bela crônica Mário objetiva e precisa a mostrar a imbecilizados uma realidade que seus cérebros insanos não querem ver .. o monstro Hitler foi castigado como o povo alemão que nunca mais foi o mesmo mas os judeus fizeram a sua Israel e são hoje uma nação forte pela dor coragem e coerência de seu povo ... esta mesma Rússia que invade a Ucrânia é a mesma que sob Stalin matou 14 milhões de ucranianos a maioria por fome e relevam? assassinarão ucranianos de novo agora sob cruel omissão? vergonhoso.

  35. Magistral (essa é a expressão real!) a maneira com que, disssecando as vísceras do comunismo você a expõem apodrecidas pela desumanidade, com nome e sobrenome. Ele só sobreviveu forte por que ajudou a exterminar a praga (que teima em sobreviver como um zumbi) e, principalmente, porque foi o 1º a invadir a Alemanha. Como diria Jarbas Passarinho (o "democrata"): "aos perdedores as batatas...". complemento: e, aos vencedores (sobretudo aos malvados), a história oficial.

  36. O que me deixa muito triste, é ver que a maioria do povo bananeiro está ou do lado do nazismo (bozo) ou do comunismo ( luladrão)!

  37. Além de ler os excelentes artigos da Cruzoé, não deixo de ler os comentários a eles vinculados, mostram o alto nível dos leitores dessa revista, tirando os cabinetes do ódio bolsolulistas, é claro.

  38. Excelente, muito esclarecedor a respeito de uma série de questões. Ficou ainda uma dúvida: no nazismo, o extermínio de etnias ou “raças“ se tornou uma política oficial de estado. Sob o comunismo, o caso do Holodomor poderia ser encarado sob essa ótica? Uma política deliberada de extermínio?

    1. Não, Renata, o Holodomor foi causado pelo confisco da produção agrícola ucraniana por Stálin, para suprir as necessidas da Rússia, onde a coletivização das propriedades revelou-se um desastre. Foi roubo e negligência assassinos, mas não “limpeza étnica”. Inclusive porque a Ucrânia é tida como o berço da população eslava.

  39. Um artigo de classe, elegante e professoral para não deixar dúvidas. A ética nazista é a devastação do ser humano na sua diversidade política, racial, cultural. Nos deixa horrorizados com nós mesmos.

  40. Mario Sabino como sempre impossível melhor texto, você respira cultura, sempre me identifico com suas ideias, aliás somos da mesma geração, obrigada 😘

  41. Felizmente quem ainda quer ser bem informado com qualidade dispões de um lugar como a Crusoé. Alguns preferem o lixo de grande parte da internet. Fico com os bons.

  42. Texto incrível! Como consegue num texto resumir tantas verdades. Fico feliz de assinar a Crusoé e ter a oportunidade de ler um texto como esse. Obrigada.

    1. Você ilumina a vida, Mario. ... Gosto do Papo, mas em especial o das quartas-feiras para ouvir seus comentários. ... Também já gostei de certo 'invertebrado moral', aquele que enganou você e o Diogo. ... Gosto do que você escreve. É cultura, equilíbrio e aula de civilização. Excelente!

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