DiogoMainardina ilha do desespero

‘Putin é um idiota’

18.03.22

A Rússia já perdeu.

É o que eu venho repetindo todos os dias, desde o comecinho da guerra, mas a coisa soa bem melhor quando é dita por um general americano, cheio de medalhas no peito, como Mark Hertling.

Ele disse também:

“O Exército russo passará de derrotado a destruído. Putin é um idiota militar e estratégico que precisa ser responsabilizado por seus crimes de guerra.”

Ao contrário do general, que é uma das minhas fontes preferidas, só aprendi o que era um TB2 duas semanas atrás. Assim como ele, porém, fui capaz de ver a idiotice militar e estratégica de Putin. Jornalista é assim mesmo: funciona como um drone turco. É rudimentar e voa rasante, com a velocidade de um Cessna, mas de vez em quando acerta num alvo maior do que ele. Com uma vantagem: quando é abatido, ninguém se importa, porque nem é gente.

É um bom momento para ser jornalista. E é um bom momento para ser dono de site. Eu sempre reclamo do meu trabalho, mas tenho de exaltá-lo agora. A imprensa tem sido uma arma poderosa nessa guerra, denunciando os crimes de Putin, os mesmos pelos quais ele será responsabilizado. Há um repórter em cada trincheira ucraniana, sem tomar banho e totalmente no escuro, correndo o risco de ser atingido pelo inimigo. Sem repórteres, o ditador já teria vencido a guerra. E é por esse motivo que ele trata de mandá-los para a cadeia ou matá-los.

Além de denunciar os crimes do carniceiro russo, a imprensa teve também o mérito de furar sua bolha de propaganda, empurrando o mundo livre a apoiar as tropas de Kiev. Nesta semana, o secretário de estado americano disse que “haverá uma Ucrânia independente por muito mais tempo do que haverá um Putin”. Bem, haverá igualmente uma imprensa independente.

O leitor insolente, disposto a esculachar o jornalismo, pode esfregar em minha cara Reinaldo Azevedo, por exemplo. Mas há colaboracionistas em todas as guerras. E a imprensa Vichy, cedo ou tarde, será desmoralizada pela própria imprensa. Em 2017, escrevi no Twitter: “Vai dar a bunda, Reinaldo”. É o que reitero agora, a cada bomba que cai em Mariupol. Como cai uma bomba a cada dez minutos em Mariupol, a cada dez minutos sou obrigado a dizer novamente: “Vai dar a bunda, Reinaldo”. É meu mantra anti-Putin.

É claro que, em vez de insultar o colaboracionista, seria muito mais satisfatório – e proveitoso – esbofeteá-lo. Mas eu moro mais perto de Putin do que dele. E, para esbofetear Putin, eu precisaria de Elon Musk, que o desafiou para uma briga. Nesse caso, porém, nem sei quem eu esbofetearia primeiro, Musk ou Putin.

Comecei esta coluna com o único objetivo de homenagear o jornalismo e acabei me perdendo no caminho, com aqueles insultos grosseiros. De vez em quando, o drone turco se perde. Mas é assim mesmo que ele funciona. Só há um jeito de recuperar o fio: vai dar a bunda, Vladimir.

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