A vez do Centrão disfarçado
Quando subiu a rampa do Palácio do Planalto, há pouco mais de três anos, Jair Bolsonaro estabeleceu como uma de suas grandes metas transformar o Ministério da Educação no front de uma “guerra cultural”. Para isso, o presidente da República apinhou uma das pastas mais relevantes da Esplanada de evangélicos e militares, dois nichos fiéis de seu eleitorado. Em 2020, para escapar do impeachment, ele teve que mudar de planos e abriu uma nova alameda na estrutura do MEC, que foi entregue ao Centrão. O grupo faturou o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, a área mais rica e, por isso, mais suscetível a desvios. Com o aparelhamento múltiplo do ministério, a gestão de políticas educacionais fracassou e os estragos no sistema público de ensino do país devem perdurar por décadas. Nada disso seria um problema para Jair Bolsonaro, não fosse a proximidade das eleições. A seis meses do pleito, o presidente teve que enfrentar agora um caso de corrupção no MEC com elementos escandalosos, como cobrança de propina em barras de ouro por pastores-lobistas que tinha trânsito livre no gabinete do ministro.
Para evitar respingos em sua candidatura, Bolsonaro forçou a demissão de Milton Ribeiro do comando da pasta. A saída de Ribeiro, que também é pastor, coincidiu com a grande reforma na Esplanada que Bolsonaro teve de promover para substituir os dez ministros que disputarão as eleições. O troca-troca motivou um novo capítulo na queda de braço que se arrasta há dois anos: a disputa por espaço entre os neoaliados do Centrão e os seguidores tradicionais do presidente. Nessa briga pelo controle do orçamento e por vitrine eleitoral, a ala fisiológica da política levou a melhor – mais uma vez. O presidente escolheu quadros diretamente associados aos partidos de sua base ou figuras com “verniz técnico” que só chegaram ao primeiro escalão graças às bençãos de caciques aliados. No novo jogo de forças, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, o presidente da Câmara, Arthur Lira, ambos do Progressistas, e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, mantiveram suas prebendas em troca de apoio e estrutura para consolidar os planos reeleitorais de Bolsonaro.
Para os apoiadores mais fiéis, pouco importam os acordos com corruptos ou as indicações políticas para ministérios estratégicos. Essa fatia do eleitorado votará a favor da reeleição, aconteça o que acontecer. Mas, no segundo lugar das pesquisas de intenção de votos, Jair Bolsonaro precisa ampliar seu público. Nessa missão, reconquistar ex-eleitores arrependidos e garantir o voto de antipetistas são as prioridades. A demissão de Milton Ribeiro faz parte dessa estratégia. Bolsonaro trabalha para recuperar a imagem de intolerante com a corrupção, mesmo que o discurso não tenha nenhuma conexão com a realidade. Na escolha da composição do MEC, esse elemento foi fundamental. A decisão de manter, por ora, o secretário executivo, Victor Godoy Veiga, teve o aval do Centrão, a aprovação da bancada evangélica — e passou pelo compromisso de não interferência nas engrenagens já em funcionamento. O ministério ganha, assim, ares de gestão especializada, com a manutenção dos conchavos.
Com a indicação do interino, Bolsonaro contempla os aliados políticos e faz um agrado à bancada evangélica no Congresso, depois da desgastante saída de Ribeiro. “Pelos últimos acontecimentos, a Frente Parlamentar Evangélica não se sentiu confortável na indicação de nenhum nome. Só fizemos questão de que fosse um conservador”, explica o deputado federal Sóstenes Cavalcante, do PL, coordenador da bancada. Victor Godoy é auditor da Controladoria-Geral da União, onde trabalhou por 16 anos, e, mais importante, visto como alguém fiel a Milton Ribeiro.
A estratégia de emplacar nomes técnicos para passar a impressão de mudanças também foi adotada na Petrobras. Na terça-feira, 29, o Ministério das Minas e Energia confirmou a indicação do economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, para a presidência da estatal. Pires deve ser aprovado pelo Conselho de Administração da empresa em reunião marcada para 13 de abril. Técnico conhecido no setor de energia, ele tem doutorado em economia industrial e mais de quatro décadas de atuação no segmento. A escolha foi sacramentada a partir da convergência de interesses do economista com lideranças do Centrão. No ano passado, durante a tramitação da privatização da Eletrobras no Congresso, Pires e expoentes da ala fisiológica, como Arthur Lira e o deputado baiano Elmar Nascimento, líder da União Brasil, caminharam juntos.
De volta à Esplanada, afora o MEC, outros dez ministérios estarão sob nova gestão a partir desta sexta-feira, 1º. Com a saída de Tarcísio de Freitas do Ministério da Infraestrutura para disputar o governo de São Paulo, houve uma ofensiva do PL para assumir o comando da pasta. O partido controlou o ministério responsável pelas obras públicas nas gestões Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer. A filiação do líder do governo no Senado, Eduardo Gomes, à sigla alimentou a especulação de que a agremiação do mensaleiro Valdemar Costa Neto (e agora também de Jair Bolsonaro) iria faturar o cargo. Aconselhado por Tarcísio, o presidente nomeou o número dois da pasta, o engenheiro Marcelo Sampaio. Discreto e pouco conhecido fora do mundo político, Sampaio é genro do general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, e hoje exerce grande influência na máquina federal, com tentáculos nas pastas mais estratégicas do governo.
O engenheiro representa bem a transmutação do Palácio do Planalto em um reino do Centrão: de nome eminentemente técnico, ele passou ter digitais até mesmo nas negociações do orçamento secreto. O secretário-executivo da Casa Civil, Jonathas Assunção Castro, que comanda a distribuição de recursos das chamadas emendas de relator, é próximo do novo ministro da Infraestrutura, de quem foi contemporâneo no curso de engenharia na Universidade de Brasília. Já o número dois do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, cresceu na hierarquia da Esplanada graças à proximidade com Sampaio, de quem foi adjunto no Ministério da Infraestrutura. A influência do genro de Ramos também alcança o Ministério das Minas e Energia: Bruno Eustáquio Ferreira Castro de Carvalho, secretário-executivo adjunto, passou no concurso de analista de transporte do Ministério da Economia na mesma turma de Sampaio, de quem ficou bem próximo.
O fundo para financiamento de projetos de pesquisa, que conta com um orçamento de mais de 8 bilhões de reais, despertou a cobiça de aliados do presidente Jair Bolsonaro. Para espantar os interessados mais gulosos, Pontes explicou que o fundo tem dinheiro, sim, mas é engessado por regras rígidas de governança e, por isso, não serve a projetos eleitorais. A estratégia deu certo: o posto é um dos poucos que ficaram fora da zona de influência do Centrão. No lugar do astronauta ficou Paulo Alvim, até então um dos secretários do ministério.
No Ministério da Defesa, a troca coincidiu com o aniversário do golpe militar de 1964 e o general Walter Braga Netto, na despedida, aproveitou para marcar seu alinhamento com Jair Bolsonaro, de quem deve ser companheiro de chapa na campanha presidencial. Ele foi substituído pelo general Paulo Sérgio Nogueira, até então comandante do Exército. Para ser vice de Bolsonaro, Braga Netto se filiou ao PL, em mais um sinal eloquente de que, até entre os militares, o Centrão está na moda.
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Dominado, tá tudo dominado. Enquanto isso a corrupção crassa nesse desgoverno aparelhado. Pobre Brasil!
Esse é o modus operandi do governo desde que estourou o caso Flávio Bolsonaro. Não surpreende nada. É apenas mais um governo que sucatea as estruturas mantidas com dinheiro do nosso bolso pra se sustentar politicamente. É o presente repetindo o passado nesse círculo vicioso impossível de romper.
Vcs acreditam que esse País tem jeito ? já fazem 60 anos que eu vejo isso, nada mudou e nada mudará.
Os mar ginais aliados saqueadores do 💰público ,sempre atracados no NOSSO 💰.ENQTO MILHARES SEM TETO E SEM COMIDA PERECEM NO PAÍS .DINHEIRO DESVIADO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE PARA AS CUECAS DOS MARGINAIS
Só há uma solução, redescobrir o Brasil. Ruptura já!
522 anos aqui pelo meu calendário :-))
Só vejo uma solução: redescobrir o Brasil Ruptura já Estado mínimo Parlamentarismo Privatização total Voto aos 21 anos Fim das bolsas-voto Lei da ficha limpa plena Foro privilegiado restrito Fim dos cargos vitalícios Prisão em segunda instância Fim da estabilidade do funcionalismo Fim das indicações monocráticas de servidores Candidato a qq cargo político acima de 50 anos Perda dos direitos politicos por 2 legislaturas se renunciar Quarentena de 1 ano após fim da legislatura p nova candidatura
Há outra meu caro ... devokcsm este puteiro a Portugal com um bom pedido de desculpas pelos estragos feitos em duzentos anos.
Um tal Willian, é um bom exemplo de ignorante alfabetizado.Ele,ao que parece,até leu a matéria da Helena;mas pergunta se entendeu alguma coisa,cego que está pela idolatria a seu mito Bolsonaro. Que situação!Estamos fritos!
O povinho é bund@ gosta de tomar na bund@, tem saudade de tomar na bund@. É preciso q doa e sangre; a partir daí ele vai ver q um pouco de vaselina na cabecinha, podeajudar
Como vcs dizem, "para além" da sordidez dos fatos e da imagem de vários urubus em volta da carcaça que automaticamente vem à cabeça, fico pensando o qto será difícil convencer o eleitor q se informa por uma rede social... Creio q se lessem essa matéria, pelo menos metade do eleitorado do Bolsonaro o abandonaria, mas é um texto cheio de nomes estranhos, com ligações complicadas e longa (muito bem escrita, por sinal). Espero q seja muito lida, muito compartilhada e q abra os olhos do povo!
Por isso o sucesso da mídia bozo em chamar o Antagonista/Cruzoé de comunista/petista, impedindo que os fiéis os leiam...
Perfeito Juliana! Tb fico pensando... se um bolsonarista lesse "O Antagonista" e Crusoé, a fidelidade ao imbe cilnauro seria outra!
Vai faltar óleo de peroba para tanta cara de pau.
Votar no Bozo ou no lula, é pura ignorância,porque não é só ignorante aqueles que tem pouca escolaridade. São muito mais muito poucos que se beneficiam com a vitória de um dos dois. E são aqueles mais próximos. O resto que eu considero resto de Scheisse, não ganham nada o desprezo e migalhas. Vão continuar sem educação sem saúde e sem emprego como estão atualmente mais ainda assim vão eleger um dos dois. Todo político sabe como atingir a classe pobre e ignorante com a maior cara de pau.
Crusoé cheio de narrativas, são tão bons em investigações porque não acusam governo federal em alguma coisa plausível. O leilão do MORNO já acabou? HIPÓCRITAS
William, 🐂 igui norante continue a lamber o teu minto.
Se qé q os jornalistas digam q Lula e Bolsonaro tem pau pequeno?
Aí que está Helena Mader. Desgoverno Terceirizado é o modelo político vigente no Brasil.
MEU LIVRO “O INROTULÁVEL”. Link de acesso: https://www.amazon.com.br/dp/B09HP2F1QS/ref=cm_sw_r_wa_awdo_PQSA5Z6AXXH2SX16NH87 ..............................................… CENTRÃO, RACHADINHAS, CORRUPÇÃO nas VACINAS e MANSÕES para o 01 e 04! BOLSONARO é um DEGENERADO MORAL que IMPEDE o BRASIL de AVANÇAR! Em 2022 SÉRGIO MORO “PRESIDENTE LAVA JATO PURO SANGUE!” Triunfaremos! Sir Claiton
Veja Seo Cleto. O moro trocou uma sentença por um carguinho. Isso é feio, muito feito e como fazem as p&utas
E o país fica para as calendas.
A educação é de alta relevância ao Estado e entregá-la a picaretas foi golpe fatal e Bolsonaro paga caro por isto .. pior ganha mais um inimigo que já está sendo usado na suja guerra revolucionária contra o Estado em pandarecos e o povo a claras vistas e que ninguém quer ver esperando o milagre nas urnas que podem nos legar o pior e o definitivo lixo da humanidade com uma nova Venezuela se desenhando a um povo humilde ignorante e de si algoz nas urnas de 2x2 anos .. é o Braziu rimando ao lixo.
A saída é o aeroporto meu caro ... tem mais jeito não o pais morreu esqueceram de crenar e fede como o diabo.
Calma Seo Amauri Vamos ajudar. Qual é a porta da saída?
Sem a terceira via, os milhões do mamata connection terão que durar mais tempo. Comecem a economizar. kkkk
Fico horrorizada com a falsidade desses evangélicos, que tentam passar a imagem de santo ,mas a prática traduz Corrupção em nome de Deus.E os fiéis concordam com os seus Pastores , sem culpas
O General Heleno não vai se filiar ao Centrão? kķkkk
Que horror! Que corja de bandidos ! Acorda Brasil...3a via já! Precisamos salvar o Brasil!
Embrulha o estômago, quando leio sobre esse centrão.
Rapaz quem elegemos para combater a Corrupção perdeu a vergonha e descaradamente está fazendo um desmonte na estrutura política nacional