RuyGoiaba

A solução é Franco Montoro

07.04.22

É claro que eu estou falando do Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, e não de uma improvável ressurreição do ex-governador, que morreu em 1999; está pensando o quê? Você, leitor carioca, pode dizer que a solução é Tom Jobim (e estará certo em mais de um sentido); os belo-horizontinos, por sua vez, podem fingir que estamos em 1985 e retrucar que a saída é Tancredo Neves — nome oficial de Confins, que é o aeroporto mais adequadamente batizado em toda a história do Brasil. Quem não sentiu, nas últimas semanas, vontade de fugir do Brasil pendurado no trem de pouso de algum avião ou está muito mal informado ou é o próprio Policarpo Quaresma.

Você olha para um lado e vê o Talquei? ensaiando uma recuperação nas pesquisas, apesar do desmatamento, dos casos semanais de corrupção (aquela que “não existe mais”), da inflação em alta, das próprias limitações cognitivas e de sua pavorosa gestão, por assim dizer, da pandemia, o que todo mundo parece ter esquecido agora que a Covid está arrefecendo graças à vacinação que ele boicotou. Ivan Lessa — sempre este homem fatal — dizia que, de 15 em 15 anos, o Brasil esquece o que aconteceu nos últimos 15 anos, mas a frase precisa ser atualizada à maneira de Andy Warhol: agora a amnésia é a cada 15 minutos. E Talquei? pode ser burro, mas tem o saco de bondades do governo na mão.

Do outro lado, temos Lula-lá, líder no ranking das almas mais honestas do Brasil, aparentemente empenhado em dar mais emoção à disputa e falando, sem que ninguém o provoque, coisas com esplêndido potencial de perda de votos. Já defendeu descriminalizar o aborto, coisa que os eleitores evangélicos que o PT “tenta reconquistar” adoram, e tirar 8.000 militares de cargos de confiança do governo, o que os milicos também devem estar amando. Fora isso, transformou a habitual torneirinha de asneiras em uma tubulação de chorume, criticando a “ostentação” da classe média sem-Piaget e falando na “elite escravista” do Brasil enquanto manda Gleisi Hoffmann marcar jantar no Fasano com a elite farialimer em pessoa. Ainda não chegamos a devolver o dinheiro roubado à Odebrecht com um lacinho caprichado e um pedido de desculpas, mas seguimos no caminho.

Aí a tal Terceira Via, que não existe porque os brasileiros querem MUITO votar nos estrupícios dos parágrafos anteriores, torna-se mais não existente ainda com a possibilidade — real no momento em que escrevo esta coluna — de oferecer ao respeitável público deste circo que é o Brasil um centauro de Simone Tebet com Luciano Bivar, ainda sem definição de quem fica com a cabeça e o tronco e quem vai se encarregar das patas. Por enquanto, o grande sucesso da Terceira Via é enterrar a candidatura presidencial de Sergio Moro, esse campeão que conseguiu ser enganado por mentes privilegiadas como as de Jair Bolsonaro e Luciano Bivar; como diz aquele ditado, todo dia saem de casa um Bivar e um Moro e, quando os dois se encontram, dá negócio. (Tenho lugar de fala nisso: todo dia visto meu calção e minhas chuteiras imaginários para jogar no time dos enganados, e o máximo a que posso aspirar é ser um otário com sorte.)

Em suma: fiquem tranquilos, que o Bananão continua a não ter a menor chance de dar certo. Se você, ainda assim, curte viver num misto de chanchada com filme do Zé do Caixão, toma que o Brasil é teu: quem pariu o país que o embale.

***

A GOIABICE DA SEMANA

A internet já levou para muito além do limite do razoável aquela história do morador de rua que transou com a mulher do personal trainer. Givaldo Alves, o mendigo em questão, hoje se tornou uma subcelebridade: ganhou um banho de loja, apareceu em um canal do YouTube chamado Mansão Maromba e até fez um vídeo como “trader de criptomoedas”, o que deve ser o caminho mais rápido para que ele volte a ser pobre. Não me surpreenderei nada se, em 18 de maio, o “centro democrático” anunciar o nome dele como candidato da Terceira Via.

ReproduçãoReproduçãoGivaldo, o trader, recebeu até uma camisa de farialimer; só faltou aquele coletinho

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