DiogoMainardina ilha do desespero

A palavra proibida

28.04.22

Jair Bolsonaro diz que é contra a censura. Mas ele se submete à censura de uma ditadura estrangeira. A Rússia prende por dez anos qualquer um que se refira à guerra asquerosa de Vladimir Putin como uma guerra. E o que faz Jair Bolsonaro? Acata obedientemente as ordens do tirano. Desde que o carniceiro do Kremlin invadiu o território ucraniano, o bananeiro do Planalto jamais se atreveu a usar o termo “guerra” em suas redes sociais. Nem uma vez.

Na última quarta-feira, por exemplo, ele escreveu no Twitter:

“Diante das consequências do ‘fique em casa que a economia a gente vê depois’ e de acontecimentos mundiais, seguem mais ações do governo.”

Durante a epidemia, Jair Bolsonaro incitou os brasileiros a sair de casa, pois os mortos a gente veria depois. No caso da Ucrânia, ele nem vê os mortos. O massacre de Bucha, de acordo com ele, é um vago “acontecimento mundial”. O estupro de milhares de mulheres ucranianas é um genérico “acontecimento mundial”. O tiro na nuca dos civis executados em Borodyanka é um impreciso “acontecimento mundial”. Para Jair Bolsonaro, não há vítimas nem culpados pelas atrocidades. Aliás, nem há uma guerra. Isso tudo foi expurgado do discurso bolsonarista. Só sobrou receita de bolo. Covardemente, a diplomacia brasileira adotou uma postura de neutralidade a respeito das barbaridades cometidas por Vladimir Putin. A postura do bananeiro do Planalto é outra: é de cumplicidade ativa. A palavra “guerra”, depois de ser eliminada de seu vocabulário, foi trancada na cadeia. Dez anos de cana.

A página de Jair Bolsonaro no Twitter arrebanhou 65 mil novos seguidores em 24 horas, imediatamente depois que Elon Musk anunciou a compra da rede social. Esse exército botsonarista (crédito: Caio Blinder) nunca vai ficar sabendo que a Ucrânia foi invadida pela Rússia. Aliás, nunca vai ficar sabendo que a Ucrânia existe. Em dois meses de guerra, Jair Bolsonaro mencionou o nome do país apenas três vezes. Nas duas primeiras, ele tratou do resgate dos brasileiros que moravam lá. Na terceira, ele tratou do resgate dos animais domésticos daqueles mesmos brasileiros, em post intitulado: “PETS da UCRÂNIA para o BRASIL”. E nada mais. Ele aboliu a soberania da Ucrânia. É como se ela fosse parte da Rússia.

Jair Bolsonaro defendeu o direito de Daniel Silveira de chamar Edson Fachin de “vagabundo” e Alexandre de Moraes de “Xandão do PCC”. Ele próprio, porém, é incapaz de chamar uma guerra de guerra. Muita gente desconfia que o exército botsonarista nas redes sociais seja fabricado na Rússia. Só isso pode explicar o comportamento de Jair Bolsonaro: ele é obrigado a obedecer as leis impostas por seu aliado Vladimir Putin. Caso contrário, seu exército corre o risco de ir para a cadeia.

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