RuyGoiaba

General Mourão é um Sargento Pincel

21.09.18

Na liderança das pesquisas e hospitalizado desde o atentado que sofreu, Jair Bolsonaro se vê na inédita situação de não deter o monopólio de falar besteira sobre a própria candidatura –do quarto do Albert Einstein, já foi obrigado a enquadrar o general Mourão e Paulo Guedes, que têm se dedicado à tarefa com ainda mais competência que ele (e não me pergunte como funciona isso de capitão enquadrar general).

Nas últimas semanas, Mourão falou à beça. Citou a possibilidade de “autogolpe” como se não fosse nada de mais, defendeu Brilhante Ustra dizendo que “heróis matam” –faltou perguntarem quantos esse “herói” matou em combate– e sugeriu uma Constituição escrita por um “conselho de notáveis”, que no caso talvez inclua luminares como Alexandre Frota, Roger do Ultraje e o astronauta brasileiro. Chega dessa frescura de Constituição feita por Congresso eleito: Getúlio tinha razão, vamos meter um Novo Estado Novo nessa cambada.

A polêmica mais recente do general foi a das famílias sem pais e avôs, só com “mães e avós”, como “fábricas de elementos desajustados” nas áreas carentes. O Antagonista citou um estudo de Samuel Pessôa que confirma a tese. Mas não parece a coisa mais inteligente a dizer em uma campanha, especialmente se você é vice de um candidato que tenta diminuir sua rejeição entre as mulheres.

Entra em cena Paulo Guedes, o economista que jura que vai conseguir R$ 1 trilhão privatizando tudo, e sugere reinstituir a CPMF e unificar a alíquota do IR –o que faria gente pobre que hoje é isenta começar a pagar. Brilhante! Se tem uma coisa que o contribuinte curte muitão, é pagar MAIS para receber “serviço público” padrão lixo. Um agente infiltrado na campanha não faria melhor.

A equipe de Bolsonaro parece um esquete dos Trapalhões, com Mourão como Sargento Pincel e Dedé Santana interpretando Paulo Guedes. A vantagem é que, com todo esse brilhantismo, a turma pode transformar um eventual “autogolpe” em tiro no pé. Como dizia Roberto Campos –não exatamente um esquerdista–, aqui a burrice continua tendo passado glorioso e futuro promissor.

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A GOIABICE DA SEMANA

Os fãs de Anitta resolveram patrulhar a cantora nas redes sociais porque ela segue, no Twitter, uma amiga que faz campanha para Bolsonaro. Vejam bem, ela nem sequer declarou voto no presidenciável ou em qualquer outro candidato: ao contrário, defendeu seu direito de não querer opinar sobre política. Está levando pedradas virtuais há dois dias apenas porque SEGUE esse perfil.

Tolerância é isso aí: todo mundo gritando “contra a intolerância”, mas carregando sua ditadurazinha no bolso. Anitta não tem de justificar nada. Melhor dar as costas aos críticos –e aos fãs também.

Foto: Thamiris Souza /Fotoarena/FolhapressAnitta tem o direito de assumir a posição que quiser (Thamiris Souza/Folhapress)

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