As mulheres que podem decidir a eleição
Em toda eleição presidencial, um grupo particular de eleitores acaba servindo de fiel da balança. São as suas escolhas que definem quem vai ocupar o Palácio do Planalto pelos quatro anos seguintes. Os institutos de pesquisa ainda não traçaram com clareza o perfil desses contingente de pessoas na campanha de 2022. “Ainda é cedo para cravar algo assim”, diz a cientista política Márcia Cavallari, diretora do Ipec. Mas alguns traços desse eleitorado já começam a emergir das conversas que Crusoé vem mantendo com diversos pesquisadores.
Bons indícios apontam para as mulheres de classe C, de meia idade e habitantes das áreas metropolitanas da região Sudeste, como sendo aquelas que, possivelmente, darão a palavra final no pleito deste ano. O voto delas foi para Dilma Rousseff, em 2014, e para Jair Bolsonaro, em 2018.
Uma peculiaridade dessas eleitoras é que tudo que impacta diretamente o seu dia a dia e o da família tem maior peso para elas do que para as mulheres de outras faixas etárias e sociais. “Elas se preocupam, sobretudo, se haverá escola para os filhos, se o posto de saúde estará aberto e quanta comida o salário conseguirá comprar”, diz Márcia. “Para elas, guerras ideológicas não têm muito espaço na equação.” Uma melhora na situação econômica nos próximos meses pode levar esse voto para Jair Bolsonaro; se a inflação continuar e não aumentar o nível de renda e de emprego, ele vai para Lula. Assim, talvez não seja um boa aposta do atual presidente escolher a ideológica Damares Alves para vice, a fim vencer as resistências no eleitorado feminino.
Outra característica é que, ao lado dos idosos e das pessoas com menor escolaridade, essas mulheres mergulhadas na rotina costumam estar entre as últimas a definir o voto. A eleição, portanto, deve ter suspense até o final.
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