DiogoMainardina ilha do desespero

Um punhado de pó

26.05.22

Eu sempre tive uma queda por Eduardo Leite. Em meados do ano passado, apostei em sua candidatura para desbancar Lula e Jair Bolsonaro. Mas fora do PSDB.

Eu disse:

“João Doria prefere mutilar o partido a entregá-lo para seus rivais. Eduardo Leite vai acabar se acomodando em outro lugar, menos contaminado.”

Em vez de se acomodar em outro lugar, seguindo meu conselho, ele continuou no PSDB. E foi derrotado nas prévias do partido, depois de se contaminar com o apoio de Aécio Neves.

Sua derrota chateou-me um bocado, porque esfrangalhou a Terceira Via. Ao mesmo tempo, encontrei um motivo para comemorar, como disse em nosso site:

“O PSDB morreu. Fico feliz. Desde 2006, quando os tucanos salvaram Lula do impeachment, sonho com o fim do partido. Em 2014, declarei voto em Marina Silva, para torpedear o cartel eleitoral formado por petistas e tucanos, que reproduzia o cartel das empreiteiras, o mesmo que bancou a derrota da própria Marina Silva, com dinheiro de propina. Em 2018, declarei voto em João Amoêdo, com a certeza de que o duopólio tucanopetista não sobreviveria à Lava Jato, embora o resto da imprensa continuasse a apostar numa virada prodigiosa de Geraldo Alckmin. Agora, finalmente, depois de suas prévias vexaminosas, o PSDB virou pó. A representante do Acre que votou em Eduardo Leite enquanto anunciava sua adesão ao PL, a fim de apoiar Jair Bolsonaro, é a cara de um partido que deveria ter sido extinto quinze anos atrás. O PSDB não existe mais. Viva.”

Precipitei-me, como de costume. A morte cerebral do PSDB ocorreu durante as prévias, mas o partido continuou a vegetar até agora, assombrando os órfãos da Terceira Via.

Nos últimos dias, incrivelmente, a candidatura presidencial de Eduardo Leite voltou a zanzar em torno do cadáver putrefato do PSDB. Minha opinião sobre ele não mudou. É o melhor nome de todos. Disparado. Apesar dos inúmeros erros que cometeu durante a pré-campanha, ainda apostaria nele para vencer. Duvido, porém, que ele tenha alguma chance de unir os herdeiros do PSDB, que só pensam em repartir o espólio do tucanato entre Lula e Jair Bolsonaro. O espólio foi dilapidado em décadas de politicagem rasteira, mas conserva um valor que pode ser negociado por aquela gente. Eduardo Leite deve ser descartado mais uma vez, justamente por representar um perigo para os outros dois. Ele vai acabar se candidatando à vaga de melhor presidente que o Brasil deixou de ter. Ninguém, porém, vai conseguir estragar minha festa: o PSDB morreu e, finalmente, com seis meses de atraso, virou pó. Um punhado de pó.

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