DiogoMainardina ilha do desespero

Neymar deve bater escanteio?

16.06.22

Eu votaria em Tiago Leifert para presidente da República. Desconfio, porém, que entre tomar um tiro e se candidatar, ele escolhesse o tiro.

No ano passado, ele largou a TV Globo e abriu um canal de YouTube para tratar exclusivamente de futebol. Ele explicou:

“Futebol me faz bem demais. Assistir, jogar ou falar sobre. Eu decidi parar tudo, rever minhas prioridades e me aproximar das minhas paixões. Tal qual CR7, que saiu da ponta e ficou mais próximo do gol, eu resolvi fazer o mesmo: ficar mais próximo de tudo que me dá mais alegria.”

No YouTube, ele pode se dedicar a temas como: “Neymar deve bater escanteio?” e “Hulk está um absurdo”.

Eu invejo Tiago Leifert. Eu também preferiria falar sobre futebol a ter de escrever sobre Elmar Nascimento. Aliás, eu votaria em Neymar para presidente da República. Ou em Hulk. Eles causariam menos danos do que Lula ou Jair Bolsonaro. Como disse o próprio Tiago Leifert, tomar um tiro é melhor do que ambos. Atacado nas redes sociais lulistas e bolsonaristas por essa escolha, ele tirou de letra:

“Nós estamos aqui falando de Copa do Mundo, de Neymar. Vamos manter o nível alto e voltar a falar de futebol, sem perder tempo com galeria do Twitter, trolzinho de Twitter, dona não sei quem, Felipe não sei quem lá. Isso aí é trolzinho de Twitter. A gente está falando aqui de Copa do Mundo, a gente está olhando para o maior evento do mundo. Vamos honrar vocês com conteúdo e não ficar falando de gente inferior.”

Ele está certo, claro. Num lugar que inverte todos os valores, como o Brasil, a melhor coisa a fazer é tentar estabelecer prioridades e se concentrar no que realmente conta, ao lado de quem de fato importa.

Tiago Leifert é uns vinte anos mais novo do que eu. Deve ser por isso que ele pensa direito. O pessoal do meu tempo só soube produzir calamidades. Meu conselho para os mais jovens é banir gente da minha idade de todos os cargos de responsabilidade: no governo, nos tribunais, nas empresas, na imprensa, no futebol. Conseguimos piorar aquilo que, a rigor, não tinha margem para piorar. Lula é do meu tempo. Jair Bolsonaro também é, embora eu o ignorasse completamente até 2017. Nosso legado para a posteridade, na melhor das hipóteses, é isso: um tiro na cachola.

Como dá para notar, preciso de férias. Vou passar uns dias mergulhado no mar, borrifando água com a boca, tal qual CR7. Um único pensamento vai ocupar minha mente: Elmar Nascimento deve bater escanteio?

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