DiogoMainardina ilha do desespero

Eu me libertei do politicamente correto

15.02.19

Jair Bolsonaro, em seu discurso de posse, disse que o Brasil estava se libertando “do socialismo e do politicamente correto”.

Na semana passada, publiquei uma coluna que só pode ser caracterizada como politicamente incorreta. Ela extrapolava – e muito – os limites do bom gosto, porque eu discorria sobre os movimentos intestinais do presidente enquanto ele convalescia no hospital, depois de sofrer um atentado brutal.

Para um determinado tipo de leitor – quase todos, na verdade -, o discurso era asqueroso. Eu entendo. Não foi a primeira vez que fiz algo assim. Em minhas colunas de opinião – e é importante ressaltar que eram de colunas de opinião – superei frequentemente as fronteiras da indelicadeza e da grosseria.

Sempre considerei que a única coisa que eu tinha a oferecer aos leitores era uma certa sem-cerimônia no trato com as autoridades. Numa cultura habituada à subalternidade, a rispidez com nossos próceres – que me é natural – podia até ter algum valor.

Por maiores que fossem os danos provocados por esse meu pendor, nunca fui despedido dos lugares em que trabalhava. Agora, na qualidade de colunista e sócio da Crusoé, pensei em dar um chute em meu próprio traseiro, mas o Mario Sabino não deixou. É um mau sinal. Cedo ou tarde, vou causar algum outro desastre. Sabe como é: eu me libertei do socialismo e do politicamente correto.

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