RuyGoiaba

Vá ao Carnaval, mas não me chame

01.03.19

“Adoro pular o Carnaval: dormir na sexta-feira e acordar só na Quarta-Feira de Cinzas”, diz uma querida amiga. Compartilho do sentimento. E olhe que até gosto do “Carnaval como ideia”. Além disso, tenho enorme preguiça daqueles discursos sobre o brasileiro se ocupar da festa e não prestar a devida atenção aos “problemas importantes” do país (vale para futebol e para qualquer coisa popular de que o sujeito que subiu no caixotinho para discursar não goste).

Mas aí você lê as notícias e descobre que São Paulo, ex-túmulo do samba, terá mais de 500 blocos de rua desfilando –trata-se, em geral, daquela combinação mágica de bêbados arrumando treta, música ruim, inferno sonoro para quem more nas proximidades e montanhas de lixo nas ruas depois da passagem daquelas hordas de gente classe-média que nem sambar direito sabe. A única vantagem é que Vila Madalena e Baixo Augusta se convertem em lugares excelentes para dar um banho de napalm na galera. Infelizmente, ninguém dá.

(É brincadeira a história do napalm, talquei? Uma bomba H resolve.)

Por isso, seria ótimo se aquele povo que ama acreditar em fake news acreditasse também naquele falso comunicado do Bolsonaro convocando “todos os homens brasileiros, de 18 a 60 anos de idade”, para um “treinamento militar sigiloso” durante os dias do Carnaval. Teríamos não apenas muito menos gente burra nas ruas como muito mais mulheres, o que seria ótimo para desertores como eu (já tenho na ponta da língua aquela citação do Woody Allen em “Annie Hall”: “Minha classificação é 4-P. Em caso de guerra, eu só sirvo como refém”).

Já que a convocação do presidente é fake e civilizar os bloquinhos paulistanos é tarefa impossível, manterei minha programação carnavalesca de sempre, que é sair no bloco Derrida ou Desce. Em homenagem ao mestre francês da desconstrução, é um Carnaval desconstruidaço –cada um fica na sua casa e ouve, ou não ouve, a música que quiser. Já separei meu abadá do Velvet Underground.

***

A GOIABICE DA SEMANA

Depois de sugerir que a ditadura norte-coreana, que mata gente há uns bons 70 anos, não é assim tão ruim quanto a Venezuela, Ernesto Araújo escreveu –a sério— que a imprensa internacional “só” passou a chamar Kim Jong-un de ditador “depois que ele começou a negociar com Trump”. É precisamente o contrário: o presidente dos EUA passou a chamar o ditador de “chairman Kim”, enquanto a imprensa continuou a tratá-lo como tratava seu pai e seu avô, todos ditadores.

Mas, claro, a gente sabe que não importam as evidências. Importa é o sentimento que o chanceler carrega em seu coração.

Reuters/Leah MillisReuters/Leah MillisKim Jong-un, o novo amigão do Ocidente, à mesa com Donald Trump em Hanói

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  1. estou achando que o carnaval está de mal pra pior . Acho até que deveriam nos dar uma folga de uns três anos e voltar com mais ponderação , equilíbrio , sensatez etc

  2. Carnaval no Brasil é a visão do inferno. São dias para o povo se embebedar e sujar as ruas, desfilando imbecilidade e estupidez. É deprimente. Mas o que não é deprimente no Brasil? Podia mesmo estourar uma guerra por essas bandas para não sobrar nada nem ninguém de pé. Quem sabe assim temos uma chance de evoluir...

  3. Não entendo a imprensa...na época que o Trump falava que o ditador coreano ia sentir "fogo e fúria", acharam um absurdo, um irresponsável, bla, bla, bla. Agora que o Trump faz encontros diplomáticos e tenta dialogar, a imprensa também acha ruim...O que vcs querem afinal de contas, hein??!!???

  4. Podia ter aproveitado para sugerir ao ministro Velez, do MEC, para dar uma nova versão na sua polêmica declaração: o brasileiro é um verdadeiro canibal durante o carnaval,. Até rima. Os moradores da Vila Madalena em peso apoiaria o ministro.

    1. Verdade. O brasileiro é um canibal. No resto do ano, ele finge que é civilizado, mas na essência ele come o seu semelhante e bebe seu sangue, porque o negócio é "se dar bem". Chegar à velhice com saúde nesse país ordinário é trabalho de mestre. Cada governo que entra é mais competente em atacar seus cidadãos. Esse pelo menos disse que vai facilitar o porte de arma. Assim podemos improvisar uma eutanásia tropical. Violenta e desumana, pra variar.

    2. Sem dúvida nenhuma. O novo nome faria jus às nossas origens e ao nosso presente. O ministro estava corretíssimo em seu comentário. Só faltou explicar que o brasileiro não é canibal apenas em viagens. Estou aqui assistindo ao Canibal pela Globo News - a transmissão do Canibal consegue ser pior que o pp Canibal.

  5. O chanceler falou asneira, tem q ter alguém que controla a língua desse pessoal do Itamaraty, pode parecer estranho mas parece q até agora o mais sensato é o Mourão

  6. Goiaba está mais sério a cada texto... Acho tão legal essa coisa de ministro filósofo... pena que ele ñ entendeu o que leu... os neurônios não produziram sinapses para controlar o movimento involuntário da língua...

    1. Sendo eu uma loira, meu comentário não pode ser levado muito a sério, mas nunca soube que neurõnuos produziam sinapses.

  7. Vamos supor que o psicopata mais brando seria, no mínimo, altamente sugestionável frente a ideias maldosas. Sua "sugestão" de "banho de napalm na galera" soa, para esses incontáveis psicopatas, quase como um chamado irresistível a botar fogo no mundo. Como um formador de opinião, tua cagada foi inominável. Tua emenda irônica só piorou. Moral e eticamente condenável, deves desculpas aos familiares das centenas de "pataxós" que foram queimados e por aqueles que serão por incentivo teu. Bufão.

  8. Desconfio que o carnaval lhe deixa é de mau humor. Que texto mais sem graça! Ainda por cima metido a besta ! Atirando pra todo lado, espalhando ofensas. Coisa feia! Eu até curto algumas crônicas suas. Mas esta, francamente! Seria melhor ignorar as chateações do carnaval, fazer como sua amiga que , como eu, não curte essa bagaça e pula pra quarta feira , sem ser ranzinza nem empata p#*)@. Talkey?

  9. Para ofender assim os paulistanos e paulistas, você deve ser cativa sem imaginação e chato para caramba! Vá dormir é o melhor que vc faz!

  10. Psicopata , morre achando que está certo. Psicopata não se arrepende das barbaridades que faz. Ficam muito tempo, cometendo horrores porque se rodeiam de pessoas que pensam como eles, igualmente psicopatas. A história transborda de exemplos desta canalha.

  11. O chanceler que só fala asneiras, como o chefe. aliás,é o governo das asneiras gratuitas. Ninguém pede e eles falam. E quem não fala asneiras, como o Moro e o Guedes, são perseguidos com cortes em seus programas. Isso para quem prometeu "total liberdade" a eles. O chefe Bolsonaro não é dado a cumprir os seus acordos. Credibilidade zero do zero à esquerda Bolsonaro. Que o diga Bebianno.

  12. Boa matéria sobre o carnaval! :) Quanto a nota sobre o restante, vale concordar que eh dificil satisfazer a quem decidiu por dar-se por insatisfeito! Trump chamou ao ditador de rocket man e a imprensa caiu de pau, agora o chanceler da uma amenizada (possivelmente pouco interessado pelo norte-coreano mas querendo enfatizar o problema Maduro) e a imprensa vai de pau. Quem sabe no dia que jornalistasforem decisores a gente vê algo melhor! Mas se me recordo bem até hoje nenhum se arriscou...!

    1. Rodrigo, vai desfilar na pipoca, cara! Desopila! A coluna do Ruy Goiaba é de sátira. Depile este coraçãozinho peludo! Não preste atenção aos "problemas importantes" com sugere o próprio Goiaba, no texto.

  13. Eu adoro o chanceler. Mas essa tirada foi ÓTIMA! hahaha Humor acima de tudo, sátira acima de todos. Diogo está sério e ranzinza... Ainda bem que sua coluna ainda diverte!

    1. Robson . . . o pior é não ter senso de humor ou capacidade de entender ironia e sátira (até Sheldon Cooper agora entende!).

  14. Velvet Underground? Excelente trilha sonora para pular o carnaval. Mais uma vez o Sr Goiaba atende nossas expectativas. Bom carnaval meu caro.

    1. Pois é, Renata, tem uma galera MUITO CHATA que comenta aqui, um monte de zumbis que defendem Bolsonaro e a turma dele a qualquer custo e qualquer um diga algo diferente "escreve mal" ou é esquerda. Abaixo os zumbis!

  15. Resumindo a direita em uma frase: "Mas, claro, a gente sabe que não importam as evidências. Importa é o sentimento que o chanceler carrega em seu coração."

  16. Goiaba, um exercício de reflexão: imagine você e Mike Tyson, ambos no auge de suas formas físicas (a sua seja qual fosse, mas a de Tyson foi notória) se encontram para resolver uma questão sensível e você sente uma vontade enorme de chamá-lo de grosseiro (o que é verdade), mas, ao invés, chama-o de elegante ou coisa que o valha. Quem lhe condenaria por isso? Brother, não se ofende pessoas com quem você busca um consenso! What kind of asshole are you?

  17. Por que "fake" e "talkei" sem aspas, itálico ou negrito? Já fazem parte oficial da Nossa Língua? Vergonha mesmo só da corrupção e tudo que a cerca, a Língua e o Hino (polêmica da semana) jamais devem ser motivo de vergonha, muito pelo contrário! Não sei de outro país na AL que incorpora tantos estrangeirismos no idioma ! Que saudades de Vicente Leporace e seu trabuco!

    1. Sophia, deixe de maldade! Como já fui professora, sou paciente. Velvet Underground é uma espécie de anti- carnaval, mas imsgino que pouca gente saiba disso. Entendo por que confundi Marianne com Nico. As duas foram modelos e participavam dos mesmos círculos.

    2. do que sua língua nativa, no caso, a tão maltratada língua portuguesa. Quanto à resposta à dúvida de Maria, sendo ela inteligente como estou certa que é, deve ter percebido perfeitamente ironia contida na minha resposta.

    3. Então Mônica, pra mim talkei de to talk ou de OK tanto faz, continuo defendendo a minha teoria de que palavras que não fazem parte da língua portuguesa deveriam ser destacadas para os desavisados, já que hoje está muito mais fácil as pessoas saberem inglês do q

    4. ih, dando uma pesquisada verifiquei que confundi Marianne com Nico- esta última é que foi do Velvet Underground / Marianne fez uma música para ela.

    5. Tb achei, Fabrício. Até fui ouvir Marianne Faithful cantando As tears goes by, música que meu marido costumava colocar qdo começamos a namorar.

    6. Pensei que talquei queria dizer tá ok.... Quanto ao Velvet Underground, vi no google que é uma banda de rock americana. Viu Maria, eu tbém n sabia. É bom perguntar; sua dúvida pode ser a de muitos. Sou brasileira, morei por mtos anos nos Estados Unidos e não sabia. E sabe de uma coisa? who cares?

    7. Pensando seriamente em abrir um curso de interpretação de ironia.

    8. Deixe a Maria perguntar. Pior que perguntar é fingir que sabe o quê não sabe. Garanto que a maioria dos leitores foram buscar no Google o que é Velvet Underground. Duvidam?

    9. Sabe não, Maria?Nooossaa! Como pode viver no Brasil e não conhecer Velvet Underground?Aposto que você só conhece marchinhas , sambas, samba-enredo! Já era viu? O "must" agora no carnaval são as baianas evoluindo (no amplo sentido da palavra ) ao som de rock underground! "Talquei?"(não vem do talco que é tradição no carnaval em muitas regiões, mas de "talk", o verbo em inglês!!Conselho : da próxima vez que voce não souber, não pergunte, disfarça e finja que sabe, é o que a maioria faz!

  18. Ernesto Olivarista Trumpista Araújo?, liga não! Esse sujeito desembarcou recentemente do planeta Dilma, não sabe de nada mas adora falar besteira

    1. Muita gente usa sátira e ironia para ofender. Inclusive em colunas humor, passando pelas provocações ideológicas entre esquerdistas, direitistas e centristas, entre marido e mulher, sogras e genros/noras, etc., etc...

    2. É impressão minha ou tem alguém aqui, neste espaço, muito amargo(a), pedante, ranzinza e sem o que fazer? Lembre-se, sabe tudo, não se obrigado(a) a ler esta revista. Tem lugar sobrando no Tweeter, WhatsApp e Instagram para gente chata e mal humorada. Paz!

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