MarioSabino

O massacre em Suzano e
a banalidade do mal

15.03.19

Ao assistir às imagens do massacre perpetrado na escola em Suzano, pensei na banalidade do mal – a expressão utilizada por Hannah Arendt no seu livro sobre o julgamento do nazista Adolf Eichmann, em Jerusalém. “Ele resumia as lições que o longo curso da maldade humana havia nos ensinado – a lição da terrível banalidade do mal, que desafia a palavra e o pensamento”, escreveu a filósofa alemã, que cobriu o julgamento para a revista The New Yorker. Eichmann disse que cumpria ordens e obedecia à lei na Alemanha de Hitler. “Ele simplesmente nunca percebeu o que estava fazendo”, diz Hannah Arendt.

A banalidade do mal — e vou esgrimir o conceito com uma liberdade que a sua criadora talvez desaprovasse — é tão desafiadora para a palavra e o pensamento que se tenta encontrar uma explicação lógica para ocorrências macabras como a da escola em Suzano: foi o bullying, foi a facilidade de se comprar armas, foi a falta de vigias e professores armados, foi o excesso de violência nos jogos de videogame… Não, senhores, a causa profunda não está em nada disso. O massacre foi mais uma demonstração paroxística da banalidade do mal. Ele habita as nossas vísceras, está sempre à espreita para manifestar-se em diferentes graus, dentro ou fora da lei. Os homens não nascem bons e sim maus. Somos a única espécie essencialmente má deste planeta ou, quem sabe, do universo. Muitas vezes simplesmente não percebemos o que estamos fazendo, assim como Eichmann, porque o mal nos é inerente. Acho até que os jogos de videogame violentos podem ser uma sublimação lúdica para esse aspecto intrínseco ao ser humano.

O esforço civilizatório é para conter a banalidade do mal e introjetarmos o seu antípoda – a banalidade do bem. A primeira nos é natural; a segunda nos é cultural. Ou seja, precisa ser ensinada e cultivada. O “livrai-nos do Mal” do Pai Nosso é um apelo para que Ele nos livre do mal que existe em nós mesmos – e que, não raro, mostra a sua face medonha em monstros como os autores do massacre em Suzano. Monstros são tão mais assustadores porque nos revelam as tentações dos nossos mais perigosos demônios interiores. “E não nos deixeis cair em tentação”. Os santos são aqueles que conseguiram ser tão banalmente bons que essa qualidade lhes parece essencial. Tal é o seu maior milagre. Fôssemos naturalmente bons, santos não seriam venerados como exemplos a seguir.

A religião, os tabus tribais e a teoria política são freios à nossa maldade autoaniquiladora, como regra geral. Niccolò Machiavelli, o florentino cujo sobrenome daria origem ao termo “maquiavelismo”, para designar a negação de leis morais (uma falsificação, visto que Machiavelli era um moralista tão extremado que via a utilidade de meios não morais para atingir fins moralíssimos), escreveu nos Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio que “é necessário para quem estabelece um Estado e adota leis pressupor que todos os homens são maus e que eles sempre agirão com a maldade dos seus espíritos sempre que tiverem liberdade de ação”. Os brasileiros constatam cruamente a verdade de Machiavelli no seu cotidiano.

Todo o empenho civilizatório, no entanto, é abalado, mesmo que fugazmente, quando a banalidade do mal emerge como ocorreu em Suzano. O substantivo mais utilizado para descrever o vídeo da câmera de vigilância da escola, que flagrou os assassinos em ação, foi “horror”. E ele, o substantivo, remete a um autor que enfrentou o desafio de descrever em palavras e pensamentos a banalidade do mal: Joseph Conrad, polonês naturalizado inglês, autor de Coração das Trevas, que serviu de base para o filme Apocalypse Now, do diretor americano Francis Ford Coppola. O diretor transportou o Congo do século XIX, cenário do romance de Conrad, para o Vietnã conflagrado da década de 19 60. Leia o livro, veja o filme.

Conrad tinha uma ambição explicada por ele próprio: “A tarefa que tento cumprir é, pelo poder da palavra escrita,  fazer você ouvir, fazer você sentir – é, acima de tudo, fazer você ver”. Em Coração das Trevas, ele nos leva ao interior da África colonial, por meio do capitão Marlow, para nos fazer ouvir, sentir e ver o horror produzido por Kurtz, um traficante de marfim europeu que edificara o seu próprio inferno, passando a ser tratado como semideus por nativos. No inferno de Kurtz, a banalidade do mal era a condição permanente.

O momento que antecede a morte de Kurtz é assim relatado por Marlow, que o resgatara:

“Jamais havia visto algo de comparável à mudança que houve nas suas feições, e espero nunca ver de novo coisa semelhante. Oh, eu não estava tocado. Eu estava fascinado. Foi como se um véu tivesse sido rasgado. Vi na sua face de marfim a expressão de orgulho sombrio, de poder implacável, de terror covarde – o desespero intenso e absoluto. Ele revivia a sua vida em todos os detalhes de desejo, tentação e entrega durante aquele supremo momento de completo conhecimento? Ele lamentou-se em um murmúrio diante de alguma imagem, de alguma visão – ele lamentou-se duas vezes, em uma exclamação que não era mais do que um sopro:

‘O horror! o horror!’”

A banalidade do mal foi a última imagem, a última visão das vítimas do massacre da escola em Suzano. Não era literatura.

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  1. Creio que todas as possiveis causas que foram descartadas acima pelo autor fazem parte desse cenario dantesco que vivemos da banalidade do mal. A ausencia do temor a um Deus que é juiz verdadeiro e eterno, e que um dia, todos (que crêem e os que não) comparecerão diante do Seu tribunal, está fazendo muito falta nesta era de total divulgação e amplificação do mal no mundo globalizado.

  2. Religião, família, conceitos morais? Sim, aumentam as chances de formarem pessoas melhores, embora muitos criados em meios assim também inclinem-se para o "outro lado". As histórias desses assassinos são parecidas com as de muitos outros, tristes, abandonados, criados por acaso. Não os quero fazer vítimas, tampouco concordo com a barbárie humana, se não tivessem morrido, que ao menos punidos fossem. A conclusão que chego é apenas: tristeza.

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  4. Acredito que o homem é fruto do meio. Se a pessoa é criada numa família ajustada conforme os valores morais e que tem por base uma religião que fale do AMOR, esse ser humano tem grande possibilidade de adquirir bons hábitos e costumes como também ser dotado de atos e atitudes necessários pra conviver bem em sociedade. Só que do lado religioso, ele tem o livre arbítrio e pode ter vindo para cá com alguma missão ou resgatar dívidas passadas ( isto já entra literalmente na parte ESPIRITUAL).

  5. Mário, seu artigo está excelente. Eu apenas acrescentaria sem a vergonha de parecer brega, que todas as religiões do planeta, exceto o Espiritismo, falharam ao apresentar Deus para os homens. Se O conhecessem pelo ângulo magistral da espiritualidade construtora da ética sem o julgamento externo, cada um cuidando de seu futuro espiritual, não teríamos todas as barbaridades que temos. E lamento que o cinema e a tevê contribuam por demais para o caos.

  6. Mario Sabino; quando expõe sua cultura, perfeito controle das idéias e interpretações, consegue o quase milagre da análise perfeita. !!!!! Parabéns

  7. Esses monstros, se vivessem nos anos 70, não teriam feito isso. Talvez fossem maus elementos. Mas seria determinismo dizer que sim e dizer que não Causas: Fenômeno copycat Dissociação social - viver no mundo virtual Banalização do mal, obviamente Valorização da fama a qualquer custo. Vide as proezas medíocres que viralizam, os The Voice, BBB... Decerto imaginavam-se a assistir postumamente todas as reportagens sobre eles, como Tom Sawyer no seu funeral... rsrs Assim, há duas coisas a se fa

    1. Há duas coisas a se fazer: deve-se tentar identificar o monstro em potencial, nas escolas e em casa. Não se deve divulgar nada do assassino, apenas das vítimas. As filmagens devem ser recolhidas e sua divulgação deve configurar crime. Fim.

  8. Dizia Freud:”A felicidade não é um valor cultural”, deixou claro o seu conceito de cultura: o sacrifício permanente da libido, desviada para atividades produtivas- trabalho, a disciplina da representação monogâmica, o sistema das leis e da ordem. Mas hoje vivemos a desconstrução de Marcuse, que defende a satisfação imediata dos apetites, o princípio de realidade. A satisfação ilimitada. Valores do passado estão sendo sucateados, É preciso FREIOS para HUMANOS, quer por lei ou religião

  9. Enfim uma voz que concorda comigo que o homem nasce mau. Não tenho sua cultura, meu status de indignação chegou a um nível que me impede de ler Conrad. Eu sofreria demais. E o instinto de sobrevivência básico me diz: "Poupe-se". Não vou me alienar, não é meu natural. Mas vou devagar com o andor.

    1. Desculpe-me discordar Eny, mas o ser humano nasce mau sim. basta ver que uma criança de 5 anos mata por um brinquedo se não for contida. A sociedade cria regras de conduta, freios para conter esse mau.

  10. Conforme o previsto, o planeta Terra (seus habitantes) já está sendo atingido pela ação de espíritos pouco evoluídos. Já faz um tempo que os ESPÍRITAS tiveram o aviso da fuga de espíritos de uma orbe inferior em direção ao nosso planeta. Sei que poderei ser alvo de gozação mas insisto, procurem as direções de Federações Espíritas pra falarem sobre esse assunto. O nosso planeta está iniciando um processo de Regeneração e esses acontecimentos são inevitáveis.

  11. O gênio brasileiro da filosofia e do ecletismo não é o sujeito que, de um rancho na Virginia-EU, assim se auto intitula e distribuí ofensas a quem não concorde cegamente com suas afirmações, por mais estapafúrdias que sejam. O verdadeiro gênio da filosofia brasileira aparece toda sexta-feira, na edição semanal da Crusoé.

  12. Já que introduziu a moral cristã (entre outras) e até mencionou a única oração que Nosso Senhor Jesus Cristo deixou para os homens, como católico, tenho por certo que o que está faltando em nossa falida civilização da tolerância é a verdadeira moral. O homem nasce com o pecado original e com a tendência para o mal. Ou regras morais formam o seu caráter, ou mais cedo ou mais tarde, um pouco mais ou um pouco menos, ele pode virar um monstro. Ele pode se tornar um medíocre, ou um homem bom ou mal.

  13. O Mário bota todo mundo a filosofar!! É bom, é um exercício saudável. Eu gosto de opinar sobre experiência própria, de lida e vivida: tanto nascem homens bons como maus. Apenas quando são maus, seus atos espantam mais. Vejam a mídia: quanta notícias boas são publicadas?

    1. Mario Botta = arquiteto italiano. Ficou engraçado. rsrs

  14. Mário, adoro seus textos e observações. Vc pode até não imaginar(ou imagina e faz de propósito), mas o que escreve, quase sempre serve de reflexão para a minha semana. Muito obrigado.

  15. Confesso que Mário nunca foi meu forte em leitura.Mas depois de ser descoberto pela Turquia,como escritor,melhorou muito e hoje é leitura obrigatória.Junto com entrevista da Janaína,foram pontos fortes da edição.Crusoé estava precisando melhorar o nível.Pena que o "sócio" confessa que estava tentando "tutelar os militares"contra o presidente,na sua cada vez mais, suspeita coluna.Nada a ver com maquiavelismo(?) como bem escreveu Mário.

  16. Finalmente um texto claro que aborda de forma brilhante esse episódio deplorável ocorrido em Suzano. Sem clichês, sem correlações burras, sem alarmismo! Banalidade do mal, eis o fato!

  17. Parabéns, Mário! Belo texto! Ele me lembrou daquela parábola dos dois lobos que temos dentro de nós. O bom e o mau. Qual deles sobreviverá? Aquele que alimentarmos.

  18. O mais importante foi dito, literalmente e nas entrelinhas. Falta aos pais e professores terem a maturidade de acolher as crianças e jovens com carinho e maturidade. A impessoalidade e o medo parecemtomar conta dos funcionários de escolas. O trabalho tem que ser conjunto. Falta olhar para cada aluno e mostrar a ele que é um ser único e necessário neste planeta. Penso que falta maturidade a nós, adultos, para lidar com o outro. Estatutos e leis, cegam e paralisam qualquer ímpeto de solidariedade.

  19. Já de algum tempo venho afirmando exatamente isso: o índice de maldade do ser humano esta aumentando à algum tempo...parece que não estamos nos dando conta disso...uma corrente do bem seria MUITO interessante...todos os segmentos da sociedade enganjados, divulgando...e, paralelo a isso e principalmente, todos os meios de comunicação deixarem de "vender" desgraças, não dar palco para crimes, exaltar as ações do bem!! Como sonhamos, não?? Será que conseguiríamos realizar essa façanha??

  20. Mário Sabino,poético sem ser pegajoso,claro sem ser rude é a inteligência sem pieguíce,em fim um filósofo simplório e simpático.Mario "Sabido".

  21. Marcos, gostei muito de seu texto, excelente! Apenas um pontinho de reflexão: concordo com seus pontos e colocações, mas ao longo de meus 66 anos, vi muita gente de lugares ruins, péssimas companhias, muitas dificuldades, lutar contra tudo e contra todos, mas eles tinha Exemplos, de pais, de mães, de avós, de irmãos que mostravam que valia a pena seguir aquele caminho e esses exemplos eram valorizados, mas hoje em dia: os exemplos são os piores e em todos os níveis, valor só no se dar bem? Pena

    1. É isto mesmo, "um exemplo vale por mil palavras". Ter exemplo bom, presença boa, dedicação, calor, berço enfim, é fundamental . E mesmo que venha neurose e ignorância junto, sempre vem um pouco, o abandono é muito pior. Naturalmente as crianças tendem a estabelecer relações e vínculos com amor. É só prestar atenção para ver. Esta sabedoria e necessidade é inata! Por que elas chamam a atenção quando os pais não estão bem? Querem vê-los bem! Quem ensinou? Não precisa, vem do Coração, do Self.

  22. Marcos, o segredo ou o caminho da Virtude é deixar de ser Lobo e tornar-se Homem. A maioria não consegue e persiste no Mal. Leva tempo e uma infinidade de reencarnações. Por enquanto, aqui neste planeta, o homem continua sendo o lobo do homem. São poucos os cordeiros (de Deus), ainda. Quem sabe no Terceiro Milênio...

    1. Se os dois assassinos suicidas não fossem seres incapazes de amar, este impulso frustrado não teria se voltado contra a existência, deles e dos outros, é tudo vida. Novamente, sem Amor a vida não faz sentido. De uma outra forma, é possível identificar nossa necessidade de estar integrado. Concordo que a virtude deva ser cultivada, mas também concordo que enquanto vivemos também seremos lobos. E se não ficarmos espertos, outros lobos nos comem. Santos, monges, aí é outra conversa.

    1. Errinhos de grafia: deveria ter escrito porque, tudo junto...sorry...

    2. Joel, por que você ensinou a eles o Bem; por que seus pais ensinaram ao você o Bem; por que seus avós ensinaram a seus pais o Bem; por que seus bisavós ensinaram etc... É um aprendizado moral geracional. Isso significa ter berço, como se dizia antigamente. Veja a família de um ex-presidente como saíram os filhos. Moral da história: "o exemplo vem de cima (ou do berço).

  23. Sabino estimula o pensamento de seus leitores. Concluo quanto à Banalidade do Mal, que o Mal no Brasil tornou-se, há tempos, verdadeiramente Banal. E o exemplo vem de cima.

    1. Joshua, realmente o exemplo vem de cima, ou seja o ser humano precisa de paradigmas . Feliz da humanidade que teve Jesus Cristo para ser seguido. A humanidade tem se afastado dos seus ensinamentos e se dado mal. Essencial é ter Deus no coração e Cristo para ser seguido pelos governantes e o povo em geral.

  24. Mário Sabino nos revelou, sob um novo ângulo, uma análise de trágicos massacres como esse de Suzano. Perfeito o texto e triste e cruel constatação da veracidade dessa análise. Dela conclui-se que abandonar o avanço civilizatório pelo excesso de liberdade sem freios cultuado nas últimas décadas nos levam a essa aberração do ser humano sem limites.

    1. GIGI, realmente, democracia não significa indisciplina. A liberdade tem limites civilizatórios que devem ser respeitado, sob pena da Lei. A sociedade brasileira é permissiva, e o exemplo vem de cima.

  25. Sabino, concordo com a Banalidade do Mal. Acrescento as palavras do meu filósofo-guia, o inglês Thomas Hobbes (1588-1679): " A natureza do ser humano é ESSENCIALMENTE competitiva e egoísta". E mais, "é a guerra de todos contra todos", e mais, "o homem é o lobo do homem". E acrescento a jornalista italiana (falecida) Oriana Fallaci: "a paz é apenas um intervalo entre guerras". E no Brasil impera a "Lei de Gerson". CQD.

    1. O homem é um animal, vivemos em um corpo animal, mas é só isto? De onde vem nossa consciência, nossa presença, o chão em que está pisando, o ar que respira e o céu sobre tua cabeça? Do lobo? Somos competitivos, buscamos espaço sim. para quê? Para crescermos e nos integrarmos. E quando a coisa fica feia temos a raiva e outras ferramentas para romper os bloqueios. Mas o impulso de fundo continua sendo de crescimento e de integração. E o lobo morre. Ficar no lobo é burrice (desprezá-lo também).

  26. separação. Na personalidade humana, uma "separação" é esquizofrenia. Por que não seria socialmente? É. E aí é que mora a doença do marxismo, divide e foca na parte (nas partes) não no Todo. Daí a importância do indivíduo! Uma sociedade não existe, não sente, é apenas uma designação de um conjunto de indivíduos, (mais ou menos perdidos tentando se encontrar). O foco pode ser na Verdade, no Todo, no Amor, na compreensão. Aí parece que ficamos menos perdidos e sentimos mais sentido no que fazemos.

    1. Todo regime totalitário tem psicopatas no comando. Concentração de poder leva a esta "seleção". Quem gosta tanto de poder, quando a satisfação real está no Amor? Quem não cresceu. Daí vem a sofisticação e a variedade exageradas, é para manter a enganação. Já ouviram o dito popular, "de tanto comer acabou dando"? Pois é... A esquerda tem problema moral por que não cresceu. Como a consciência bate, e precisam se sentir integrados, tentam igualar todos à sua própria ignorância. Se der liberdade...

    2. Marcos, todo regime totalitário, seja de esquerda ou de direita, não enxerga o indivíduo de fato (apenas no discurso ideológico); eles pensam no coletivo das massas; logo, todo indivíduo é sacrificável se discordar, ou se for necessário usá-lo como bucha-de-canhão para defender o regime e seus líderes do politburo, a nomenclatura que detém o poder. A "Ditadura do Proletariado" é o dogma contraditório por excelência. Assim como o "Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães - Nazista".

  27. Não compreendemos a morte, fica ainda mais difícil vê-la nos jovens. Mas uma coisa dá para compreender a ignorância é um, senão o mal, e mata. Resta então tentar buscar luz, compreensão. Não acho que os "Santos" sejam apenas exemplos para se evitar o mal. Conhecendo o mal, tendo insights, podemos nos libertar, ao menos em alguma medida, dele. E vejo sempre todos nós girando em torno de Amor (Deus, para os crentes). Para mim os Santos estão é menos ignorantes do Amor, de Deus. Por isto...

    1. e dá sentido a nossas vidas. Todo mundo fica abismado com o suicídio de jovens, mas ninguém pára para pensar direito como eles estão sendo criados, sem presença, sem dedicação, sem tempo, sem calor, sem consciência, sem referência, em um ritmo incompatível ao biológico, super-estimulados, etc. Resumindo, sem Amor e com muita ignorância. E TODOS nós somos ignorantes em alguma medida. A ciência e a religião têm muito a somar, as primeiras universidades indianas e européias foram fundadas sem esta

    2. servem de exemplo. Nada de pieguice, vamos ao caso concreto. Os psicólogos e psiquiatras admitem, que este é um caso, um tipo, de suicídio. Gira em torno de Amor? Sim. Sem Amor, a vida não faz sentido! E aí todo tipo de loucura, de mal se instala. O Psicopata é uma pessoa fria e manipuladora, comumente ou sempre, fruto de um útero frio e de uma mãe manipuladora, (Alexander Lowen). Tendo sido criado como "objeto", sem calor e sentimento amoroso, não desenvolveu a ligação "divina" que nos sustenta

  28. O Samuel, menino profeta dessa geração. Essa é a juventude que eu quero para o meu Brasil. Meninos que tem coragem de morrer pelo próximo e são cheios do conhecimento de Deus. Com ousadia para viver o evangelho. Precisamos resgatar nossos jovens e crianças dessa maldição das pautas chamadas "progressistas", mas que de progresso não traz nenhum, que nos assola, pois também choro pelos jovens que mataram e cometeram suicídio, meninos que são reflexo de uma sociedade doente. Vimos quando e quanto o

  29. A banalização do mal. Há uns anos atrás não muitos distantes quando ainda não tínhamos fibra ótica e esse sistema de comunicação a jato, quando ouvíamos uma notícia trágica, era motivo de consternação real e geral por muitos e muitos dias. Hoje, estamos comendo um sanduíche, bebendo com amigos e eis que uma triste notícia aparece na TV ou celular, após alguns segundos de olhos arregalados, continuamos a fazer o que fazíamos como se nada tivesse acontecido.

  30. Perfeito. Muitos ideólogos de esquerda, seguidores do pensamento de Rousseau defendem o princípio de que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe. Mas os acontecimentos e as evidências da vida nos aproxima muito mais da definição bíblica sobre o homem e o seu pecado original. Mario, parabéns pelo seu excelente texto.

  31. Excelente Sabino! E tem gente que faz uma leitura completamente equivocada da Bíblia, verdadeiro tratado de antropologia, sociologia, psicologia, pedagogia...e tantas outras -logias, demostrando quem de fato nós somos, como enganoso é o nosso coração, mas ao mesmo tempo nos traz luz e esperança materializada na vida e obra de Jesus Cristo e nas suas profecias de retorno para restauraçao humana. da fauna e flora, das nossas relações com Deus e o próximo. Vivemos já os momentos finais do horror!!

  32. Mario: a cada dia voce está melhor ! Sugiro pensar na edição de novo livro contendo seus artigos recentes. Caso aprove a idéia, reserve meu exemplar. Excelente texto !

  33. Não sei o que ê isso. Prefiro acreditar que o homem tem potencial para ser melhor. Não encontro palavras. Nao entendo a banalidade do mal.Hoje pela manhã o filme do massacre na mesquita da Nova Zelândia eu nem sabia se era verdade ou montagem não podia acreditar que tinha acontecido. Agora faz, filma expõe na internet ao vivo. Aonde chegamos? A tecnologia com crime amplia explode e machuca todos globalmente ao vivo.

    1. Tânia, é a verdade mais comprovada na história. Muitos pensavam que a maldade era dos tempos do feudalismo medieval ou pré medieval. Mas o ser humano continua manifestando suas trevas interiores. Jesus fez uma comparação reveladora, dirigindo-se a seus apóstolos: “ora, se vós, QUE SOIS MAUS, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus, dará boas cousas aos que lhe pedirem”. (Mateus 7.11)

  34. Se a banalidade do mal requer uma mudança cultural, nada vai mudar. Viveremos com ela eternamente. A maioria dos filmes e dos games não mostram outra coisa que não o mal banalizado. O próprio filme Apocalypse Now não é a banalização do mal mostrada escancaradamente? O que dizer de Tarantino? Depois dizem que os filmes e games são cópias do que acontece na sociedade e não há mal nenhum em mostrá-los. Discordo. Os males apenas alguns viram na vida real é mostrado por esses canais para todos verem.

  35. Como pai d dois filhos, uma com 36 anos e outro 28, afirmo q seres humanos não nascem nem bons nem maus. Anos d educação caseira e social, erros, acertos, brilho ou ocaso próprios, azar e sorte, tantas conjunções formam alguém. Banalizar o mal é também não chamar d covardes quem não se julga e arrasta ao seu pesadelo interior inocentes

  36. Seus textos são um refrigério para nossas vidas, em meio a tanta medíocridade. Concordo com suas palavras, Freud chamava a criança de "polimorfo perverso", constatando a tendência do homem ao mal. Somos todos maus, tentando ou fingindo que tentamos ser bons.

  37. O autor argumenta que o homem é intrinsecamente mal e que a civilização, construção humana, o educa para o bem. Discordo plenamente com esta linha de raciocínio. A lei natural vem impressa no coração de todos os homens, que também são dotados de livre arbítrio e capacidade para o mal. As leis da civilização derivam da lei natural e não o oposto. O que aconteceu com os jovens é a supressão da lei natural. Não é banalização do mal, é ausência de consciência.

    1. É Guilherme, então deixa o mundo "civilizado" todo apenas um dia sem polícia e você vai ver o que acontece....

  38. Penso igual. É um horror mesmo. O bem que quero fazer , eu não consigo fazer sozinha, mas o mal, esse sim, é da minha natureza

  39. Sabino, discordo que estamos diante da 'banalidade do mal', como descrito por Hannah Arendt no caso do Eichman. Ali tínhamos um funcionário executando burocraticamente funções as quais ele sabia que causavam mal aos judeus, mas banalizava-a de modo a poder continuar com sua vida rotineira. No caso de Suzano, os rapazes sabiam que estavam praticando o mal e se executaram quando perceberam que seriam presos e expostos à sociedade.

    1. José, concordo com seu contraponto. A banalidade do mal, no contexto de Hanna não é usado com sentido do senso comum.

  40. Felizmente encontro alguém que pensa como eu. Sempre afirmei que o homem nasce ruim e malvado, por isso é séria a decisão de ter filhos, você terá pela frente a mais intensa e séria das batalhas que a vida nos impõe; fazê-los pessoas do bem , livres da maldade intrínseca à todos os nascidos!

  41. Mario Sabino,Parabéns, vc conseguiu acalmar o meu coração e parar para refletir.Isto é que é jornalismo.Que Deus continue falando ao seu coração.

  42. "...não há justos, não há um sequer", "...não há quem faça o bem; não há um sequer" - Paulo aos Romanos 3:10-12. É bíblico, o homem já nasce mal, c/a marca do pecado. Torna-se melhor qdo se aproxima de Deus, pois a Santidade de Deus o faz ver o próprio mal. O mundo só não é pior pq Deus é misericordioso e tem chamado muitos para as boas obras e proporcionado a estes os frutos do Espirito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio"Gálatas 5:22

  43. Quando a ministra Damares disse que é preciso resgatar a cordialidade dos meninos para com as meninas, quase foi execrada. Temos que reverter a inversão de valores tão presente. É só um passo.

    1. Temos que resgatar o respeito. Todo o resto é consequência.

  44. Excepcional. Para confirmar vamos observar o que aconteceu na Nova Zelândia hoje. Quarenta e nove mortos. É a banalização cultural do mal, e, isto não vem de hoje, no nosso País. Vamos observar a agressividade política de todos os Poderes. executivo, legislativo e judiciário. O povo embaixo vai agir como? Um abração literato.

  45. Concordamos em vários pontos, nem bullying, nem acesso à armas justifica o quê aconteceu em Suzano. Manifestei aos meus familiares a minha opinião sobre o terror em Suzano: Foi a mais simples expressão da crueldade humana ! Sempre repeti isso..."o ser humano nasce mal, cabe a nós, pais, incutirmos a bondade nos nossos filhos através de educação, amor,atenção e exemplos".

  46. Ótimo texto. Para mim, foi muito triste o que ocorreu na Escola de Suzano. Mas o duro é também passar por outras tristezas que vieram ao mesmo tempo ou logo em seguida à essa Escola. Como, por exemplo, as chuvas torrenciais que ocorreram em São Paulo que fizeram que muitos perdessem seus pertences e o exagero de alguns em culpar esta ocorrência a Bolsonaro. O caso Marielli que é bom que está se esclarecendo, mas não há empenho em esclarecer o atentado que sofreu Bolsonaro. Por fim, a decisao...

    1. a decisão do STF que enfraquece a Lava Jato e algumas tristezas no nível familiar. Haja tristeza!

  47. Todos seres humanos deveriam ter conhecimento dessa natureza humana. Com essa informação provavelmente todos se esforçariam para atingir a banalidade do bem.

  48. O livro de onde se cita sem ter lido a expressão "banalidade do mal", em português tem o título "Eichmann em Jerusalém", Cia das Letras (SP, 1999). Na edição inglesa de 1964, o título original de Hannah Arendt ganhou do editor o apelativo "A Report on the Banality of Evil". No livro que reproduz as reportagens para a New Yorker não há nenhuma vez a expressão "banalidade do mal". Atribuir uma expressão tão fútil a maior filósofa de todos os tempos é um tanto quanto despiciendo.

  49. Gostei bastante das suas reflexões, Sabino. Às suas citações de Arendt e Conrad, acrescento mais uma: a de Rousseau, que surge na contramão, enaltecendo o "bom selvagem" e a sua corrupção pela civilização. O "bom selvagem" precisa ficar assim, entre aspas.

  50. O que matou não foram as armas, foi a falta de amor ao próximo, falta de compaixão, falta de Deus no coração. Nossa sociedade está doente, quando abandonamos os valores morais, a familia, a religião e o trabalho os valores são invertidos, os algozes viram vítimas e as vítimas são culpadas. Deus ajude a sociedade a rever seus valores e que guarde a alma dos nossos irmãos assassinados por covardes.

  51. Mario, sempre digo, que o ser humano é genial e bestial. Acordamos todos os dias para fazer a escolha. Agora, quando você escreve é a banalidade do bem bom demais. Um abraço.

  52. Existe sim o bem intrínseco, não só em nós como em todos os seres vivos. Todos os filhos de mamíferos, inclusive nós, foram amados e cuidados com esmero pelo tempo necessário ao desenvolvimento, muitos anos para os humanos. Pra criar uma vida são necessários muitos anos, muitos sacrifícios, muito trabalho e muito amor. Para tirar é necessário só apertar um gatilho. E mesmo assim o mundo tem mais de 7 bilhões de seres humanos e a maioria não morre por violência. Então o bem é muito mais banal...

  53. Aproveito para parabenizar a estudante Rhylary Barbosa que com coragem de fugir, acabou distraindo o outro assassino e e ainda abriu a porta para todos os demais. Não fosse esta menina, o massacre seria pior ainda. Deus abençoe ela.

  54. A banalidade do mal é difundida de diversas formas, desde fórum de propagação do ódio na Internet até as emissoras de TV ávidas por audiência.

  55. Lembro aqui do ensino de Sócrates (470 - 399 AC), "Todos os homens, a partir da infância muito mais fazem de mal, do que de bem.

  56. Parabéns Mário.A alusão a prece contida na Bíblia é perfeita. Eu penso que portar arma, lutar box ou jogar games não deixam pessoas violentas. Porém, acredito que a maioria dos seres pacíficos nos afastamos destas coisas, principalmente de armas e lutas, enquanto que pessoas agressivas tendem a buscar a felicidade nas armas, nas coisas que lembram a dor e o terror. Só rezando.

  57. A banalidade do mal que aconteceu, é uma soma de fatores familiares e sociais de nossa época, que surgiram por má criação, má escolaridade, falta de objetivos para trabalho, más companhias e falta de supervisão e acompanhamento dos pais. Facilidades para comprar drogas, armas, munições, etc tudo pela internet , levam a estas situações. Tendo uma má índole e vendo outros acontecimentos similares, completam o círculo de maldades. O jovem não nasce mau, ele é resultado de sua criação.

  58. Parabens Mario Sabino, pela incrivel, mas verdadeiro comentario. De onde vem o principio de tanta maldade. Lavagem Cerebral , mudança da educação, principio moral da tv, comportamento familiardissociação familiar? Parabens

  59. Excelente texto, parabéns! A questão é, realmente, o mal que exustecdentro do ser humano e viver e exatamente lutar para eliminarceste mal e estabelecer o bem. Como disse Jesus: "só homem não é possível, mas a Deus nada é impossivel".

  60. O Mal é o "normal" do ser humano. Alguns evoluídos conseguem colocá-lo nas masmorras da consciência, mas a grande maioria se deleita, verdadeiramente, com a prática do mal...

  61. Muito boa a reflexão... pensei exatamente isso. As inúmeras tragedias que passamos, especialmente nesse 2019, nos anestesiam e, de um certo ponto, nos faz achar tudo o que vemos natural. A banalização descrita por Arendt acaba contaminando a sociedade a ponto de acharmos que aquilo aconteceu porque tinha que acontecer em algum momento. É como se o instinto se sobrepusesse à razão intrínseca da nossa espécie.

  62. "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé." (2 Tm 4:7) A luta contra o mal começa a ser travada na nossa consciência, nas nossas escolhas, nas nossas atitudes. Uma luta contra si mesmo. Dizer "não" diariamente ao mal que nos habita e nos rodeia. Tarefa difícil. Tarefa urgente e indispensável. Magnifico texto.

  63. sua coluna é necessária! concordando ou discordando, suas crônicas nos levam a uma pausa para reflexão, nem que seja pelo tempo de um cafezinho... continue, preciso dessa banalidade do bem em doses semanais !!!

  64. A História registra personagens que nela figuram de maneira particular. Exemplos: Ivan, o Terrível, Alexandre, o Grande, Manoel, o Venturoso, Filipe, o Belo. Já inclui outro: Lula, o Cachaceiro. Agora, com admiração, inscrevo outro: Sabino, o Insuperável.

  65. A banalidade do mal é um fato. Que deve ser combatido por um conjunto de ações, que incluem políticas sociais e de segurança pública, além de bom exemplo e serenidade por parte de políticos e da máquina do Estado. Se o país falhou nos últimos anos, as perspectivas apontadas no presente não nos podem animar.

  66. A revista continuaria a valer somente pela sua coluna. O resto está irrelevante. Repete a mídia vagabunda que governa o governo. Mais confunde do que esclarece.

  67. O mal é ausência de bem. Não tem substância, é a perda do ser. Por esses motivos é insondável justificarmos uma ação tão bárbara. Parabéns pelo artigo.

    1. André, parece-me que há um meio termo entre o bem e o mau. A ausência do bem pode conviver com a ausência do mau. Seria um ser inerte, que não faz o bem nem o mau. Usando metáfora matemática, diria que o bem é o lado positivo da régua, o mau o negativo e a ausência dos dois o zero.

  68. Querido, somos 98,5%, creio, geneticamente iguais aos chipanzés, que é uma espécie violenta.... Esse massacre foi motivado por falta de sexo, a zorra subiu pra cabeça, como diz a plebe sábia.....

    1. Orcas e gatos também são violentos.... Mas você está certo, basta ver o estoque de armas nucleares...

  69. Parabéns pelo artigo simples e objetivo para dar um pouco de luz à consciência da maldade que nos habita. Apocalypse Now é um dos melhores filmes sobre a guerra do Vietnã.

  70. Sempre pertinente indo ao cerne da questão. Apocalypse Now, REDUX (versão integral) é o melhor filme sobre a guerra do Vietnam jamais feito. Mas foi mal recebido à época por questões políticas e recebeu cortes. Li o CORAÇÃO DAS TREVAS do Conrad. Parabéns pelo artigo.

    1. Parabéns Mario! Excelente reflexão sobre a natureza humana.

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