Delatei, mas…

08.06.18

Um dos dirigentes da Odebrecht mais próximos da cúpula do PT, Alexandrino Alencar admitiu à Polícia Federal que delatou a ex-ministra Miriam Belchior mesmo sabendo que ela não tinha cometido crime. Ele explicou que incluiu no rol de delatados o nome de todos os políticos do PT com os quais manteve agenda oficial, independentemente de haver irregularidade na relação. Em sua delação premiada, Alexandrino listou as negociações de que participou, em nome da Odebrecht, com dirigentes do governo. No caso de Miriam Belchior, ele mencionou as obras sobre as quais tratou com ela nos tempos em que foi ministra do Planejamento e, depois, presidente da Caixa.

“O nome de Miriam Belchior surgiu em anexo introdutório que trata do relacionamento com agentes políticos e públicos do PT. Perguntado se quando da apresentação do anexo 5 o colaborador tinha consciência de que não havia fato crime envolvendo tais reuniões, respondeu que sim. Perguntado então por que foi apresentado o anexo 5 como fato de interesse para a colaboração, respondeu que todos os contatados do Partido dos Trabalhadores constantes da agenda institucional do colaborador, que fossem agentes políticos, geraram anexos”, diz um trecho do depoimento.

O anexo sobre Miriam Belchior acabou virando um inquérito, no qual o executivo foi ouvido recentemente. Como ele declarou que não houve crime nos contatos com a ex-ministra, a PF pediu o arquivamento do procedimento. A Crusoé, o advogado do delator, Alexandre Wunderlich, afirmou que era da Procuradoria a tarefa de avaliar os fatos relatados – e que não cabia a Alexandrino mencionar apenas as situações em que acreditava haver alguma conduta criminosa.

A ex-ministra Miriam Belchior: citada em delação, mas sem cometimento de crime (Adriano Machado/Crusoé)

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