DiogoMainardina ilha do desespero

A marcha dos avatares

23.05.19

Os milicianos digitais bolsonaristas me atazanam desde o ano passado. Estão sempre pairando aqui em volta, como o pólen que me faz espirrar. No caso do pólen, um spray nasal estanca a coriza. Viva o Flexallegra! No caso dos milicianos digitais bolsonaristas, é preciso esperar a primavera passar.

Apesar de ser atazanado permanentemente pelos milicianos digitais bolsonaristas, tenho de pedir-lhes desculpas. Algum tempo atrás, com o nariz escorrendo, eu os comparei aos milicianos digitais lulistas, que me atazanam desde o século passado. Mas não é nada disso. Os milicianos digitais lulistas são pagos para executar uma tarefa. E eles a executam de maneira ordenada, tentando emporcalhar seus opositores a partir de um comando central. Os militantes digitais bolsonaristas são o oposto: eles tiram dinheiro do bolso para morrer – tristemente – no campo de batalha virtual.

Sim, de vez em quando descobrimos um bengalês ou um paquistanês pago – não se sabe por quem – para impulsionar uma hashtag bolsonarista. E há também os tuiteiros mercenários, instalados nos gabinetes palacianos em cargos comissionados, pagos pelos contribuintes. Mas a imensa maioria dos milicianos digitais bolsonaristas não é assim. É uma gente que se imola espontaneamente, sacrificando a própria existência em estado de absoluta confusão mental, que só consegue prejudicar a causa pela qual combate.

Nos últimos dias, os milicianos digitais bolsonaristas prometeram fechar o Congresso Nacional e o STF. Jair Bolsonaro, que também é um miliciano digital bolsonarista, apoiou o discurso incendiário. A imprensa fez editoriais alarmados sobre o risco de ruptura institucional. É claro, porém, que esse risco não existe. A única ruptura que pode ocorrer é no próprio bolsonarismo, como mostraram os ataques fratricidas a todos aqueles que se opuseram a essa estupidez suicida, em particular Janaina Paschoal, Danilo Gentili, Lobão e o MBL.

Os olavistas e os templários resolveram marchar neste domingo. É bom que eles saiam às ruas. Nas trincheiras obscuras da internet, os avatares parecem mais perigosos do que realmente são. Quando eles aparecerem nas ruas, o medo vai se dissipar. Atchim.

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