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A política externa de Lula não é pragmática

15.04.23 12:23

Vários analistas estão dizendo que a política externa de Lula (foto) está sendo “pragmática” porque está tendo relações com China, Venezuela etc.

Errado. Seria pragmática se antes tivesse criticado esses regimes ditatoriais e agora lida com eles. Nunca criticou. Muito pelo contrário, elogia, defende, mente, omite e se omite. É interesse material-econômico e ideologia. Pragmatismo é fazer ter relações e fazer negócios com quem não se gosta. Ter relações e fazer relações com quem se gosta não é pragmatismo.

Elogia e defende o modelo chinês, nega que a Venezuela seja uma ditadura (mentira objetiva pois existem vários rankings internacionais de democracias e em nenhum deles a Venezuela é considerada uma democracia, é um fato e um consenso), sempre teve palavras positivas e relações mais que amigáveis com Cuba, Evo Morales, Venezuela, Angola, Ahmadinejad, Nicaragua, Foro de São Paulo etc.

Voltar com a exigência de vistos para turistas americanos, japoneses, australianos, etc. é exatamente o contrário de pragmatismo, é ideologia pura.

Receber navios iranianos enquanto o regime mata mulheres que só querem liberdade é exatamente o contrário de pragmatismo, é ideologia pura.

Defender e não criticar o regime ditatorial da Nicarágua, não criticar a repressão e o desrespeito aos direitos humanos mínimos e básicos, não tem nada de pragmático, não ganhamos nada com isso, é ideologia pura.

Não há nada de pragmático no protecionismo, o país não ganha nada com isso, só perde. E só atender às demandas do lobismo dos grandes produtores nacionais é ideologia pura. Não há nada de pragmático no Foro de São Paulo e na Unasul, é ideologia pura. Sempre a mesma. Não tem nada de pragmático em querer deixar o dólar para fazer comércio internacional. É ideologia e aliança política com regimes alinhados. Fazer acordos com a mídia chinesa (controlada pelo regime) não tem nada de pragmático, é só ideologia e aliança política com regimes amigos.

O BNDES emprestar dinheiro dos pagadores de impostos para ditaduras no exterior e levar calotes milionários (Venezuela, Cuba, Moçambique) não tem absolutamente nada de pragmático. Gastar dinheiro dos contribuintes na Bolívia de Evo Morales que depois nacionaliza o setor e o Brasil sai perdendo, não tem nada de pragmático.

E foi assim nos governos Lula precedentes também.

Repatriar boxeadores cubanos que fugiram da ilha-prisão com a certeza que serão perseguidos, punidos, não tem nada de pragmático, é ideologia pura. É apoio a uma ditadura socialista em chave antiamericana e antiocidental. Não tinha nada de pragmático nas relações com o Irã do negacionista e homofóbico Ahmadinejad. Não tinha nada de pragmático nas relações com Angola, era puro interesse material com relações escusas, mas nunca teve nenhuma crítica ao regime que é uma das ditaduras socialistas mais antigas e longevas do planeta.

Pragmatismo é fazer negócios com quem não se gosta e se critica, fechar um olho sobre coisas que se criticam. Quem fez isso foi o governo precedente, com Bolsonaro, que antes de ser presidente criticou repetidamente e veemente os regimes chineses, venezuelanos, cubanos, etc e depois fechou um olho (ou até os dois) sobre a China, para não atrapalhar os negócios das empresas brasileiras. Certo ou errado que seja, isso é pragmatismo.

Todos os governantes do mundo, certo ou errado que seja, são mais ou menos pragmáticos e fecham um olho sobre várias questões para interesses de negócios. Em 2008, EUA e Europa falaram de boicotar as Olimpíadas em Pequim pelo desrespeito dos direitos humanos do regime chinês, mas depois eles optaram por não boicotar, por uma questão de interesse. Mas, pelo menos em outros países, há um debate entre idealismo e pragmatismo. Aqui não, pois não há nenhum ideal de liberdade. Esse debate nem chegou.

Falar de direitos humanos, meio ambiente, pobreza, desigualdade, e democracia e apoiar as piores ditaduras do planeta que ainda em pleno 2023 cometem as piores atrocidades, tortura, presos políticos (Venezuela), genocídio (China), repressão, perseguição religiosa (Nicarágua), desrespeito aos direitos humanos e das liberdades mais básicas não é simples incoerência. É instrumental, é funcional. O discurso (que é só discurso mesmo) é funcional às alianças com as ditaduras. É o que permite isso. Sem esse marketing de fachada, ficaria ainda mais escancarado e teria mais pressão internacional.

Pragmatismo é ter relações e fazer negócios com quem não se gosta. Ter relações e fazer relações com quem se gosta não é pragmatismo. Nada disso: trata-se de interesses econômicos-materiais e ideologia pura. Sempre a mesma velha ideologia socialista, autoritária, antiamericana, antiocidental.

 

Adriano Gianturco Gulisano é coordenador do curso de Relações Internacionais do IBMEC de BH

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  1. Perguntem esses mafioso e vamos passar mais 30 anos cheirando esgoto e bosta na frente de nossas casas para benefiar estatais e seus parasitas petistas. Responde crápula Lula.

  2. E a Janja, sempre sorridente com cara de paspalha, palerma. Disse que o imposto sobre quinquilharias era para as empresas. SO UMA "analfa" que se dua socióloga fala uma estultice dessas. Então as empresas, minha senhora, não vai repassar pro consumidor? Até os ratos do Palácio sabem responder.

  3. A China é ditadura mas é rica, a Venezuela é ditadura mas desabou diante de insanos bolivariano, Cuba é ditadura medieval e lisa ... um governante tem de ir onde a grana estiver e aguentar os pregos enfiados no seu sapato e depois desinfetar ... e nós ainda sequer sabemos, só desconfiamos, o que este desgoverno quer já que agora só criou boquinhas prá seus sequazes e apaniguados.

    1. ... quanto ao que Lula fala entendam exatamente o inverso e os parceiros sabem muito bem disto e como desatar eventuais nós.

  4. Excelente! Estou assustada! Prefiro aliança com democracia imperfeita, do que com ditaduras. Fazer comércio com China é realidade, todo o resto é alinhamento. Idem Rússia. Horror!

  5. Quem sabe agora os americanos e europeus parem de festejar esse cara. Demorou para perceberem que temos uma alternância de ratos na presidência, é o que o pessoal aqui gosta.

    1. O rato na presidência enganou todo mundo! No Brasil e no exterior! A especialidade dele é essa mesma! Sacanear todos!

  6. Rapaz, que texto lúcido, como há muito não se vê. É pena que já vem tarde, não há mais salvação pra o Brasil.

  7. Até um idiota sabe que o Brasil não pode ter estreitas relações com Cuba e Venezuela por simples eles nada tem são pedintes ... com a Argentina mesmo na penúria a coisa é outra afinal somos p maior comprador de produtos deles.

  8. Parabéns Adriano! Falou tudo! É tudo só ideologia! E se fosse uma ideologia nobre e admirável - enraizada na defesa dos direitos civis fundamentais de liberdade de fé, de ir e vir, de propriedade, pensamentos e de liberdade de expressão e de imprensa - seria pelo menos louvável! Mas não! Trata se de uma ideologia política que está raizada no velho antiamericanismo! A política externa dos governos Lula sempre se norteou no antiamericanismo! E ficou “presa” e dependente disso!

    1. A política externa brasileira dos governos Lula não é uma política externa independente, emancipada e madura - não!! E presa na velha obsessão ultrapassada do antiamericanismo dos anos 70! Do milênio passado literalmente! Ignorando totalmente as novas dinâmicas geopolíticas do século 21!

  9. Lula, o Sr. Essa sua ridícula senha que se intitula de "sociologa", para vergonha dos grades dessa, classe, está falando asneiras e envergonhando o Brasil.

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