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O que diz o Google sobre os índices de desmatamento na Amazônia

17.10.22 16:33

Ao responder a uma pergunta de Lula no debate deste domingo, 16, o presidente Jair Bolsonaro pediu aos telespectadores para “darem um Google” nos índices de desmatamento da Amazônia. Bolsonaro também recomendou uma comparação entre os anos de 2003 e 2006, o primeiro mandato do petista, com o seu próprio mandato, de 2019 e 2022.

O gráfico que se obtém ao buscar essa informação na internet traz os dados do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe, que calcula as taxas anuais de desmatamento na Amazônia.

Inpe

O gráfico tem dois picos acima de 20 mil quilômetros quadrados. O segundo se dá exatamente no primeiro mandato de Lula. Em 2003 e 2004, foram desmatados mais de 25 mil quilômetros quadrados por ano. A ministra do Meio Ambiente era Marina Silva, que ficou no cargo até 2008.

Nesses anos, havia uma intensa expansão da agropecuária em áreas de floresta. Muitos fazendeiros aceleraram o desmatamento, com medo de que depois ficaria mais difícil registrar a terra“, diz Márcio Astrini, secretário-executivo da ONG Observatório do Clima.

As queimadas e os altos índices de destruição das florestas causaram forte comoção na opinião pública e levaram os congressistas a aprovar leis para ampliar a punição aos crimes ambientais e aumentar as áreas protegidas. “Além da nova legislação, ocorreu uma melhora na capacidade de impor a lei, com os órgãos de fiscalização em pleno funcionamento e o governo investindo em projetos econômicos alternativos para poupar a floresta“, diz Astrini.

A partir de 2004, a taxa de desmatamento entrou em declínio. No último ano de governo Lula, 2010, foram desmatados 7 mil quilômetros quadrados, uma queda de 75%.

A taxa permaneceu em torno de 7 mil quilômetros quadrados por algum tempo. A entrada de Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto fez com que a área desmatada por ano ficasse novamente acima de 10 mil quilômetros quadrados, o que não ocorria desde 2009.

Todos os pilares que tinham permitido uma redução do desmatamento, como a maior fiscalização, a punição aos infratores e a criação de áreas protegidas, foram minados pelo atual presidente“, diz Astrini. “A impunidade incentivou principalmente os grileiros, que destroem a mata em áreas públicas para vendê-las mais adiante. É o crime organizado em ação.”

Em 2021, a taxa do sistema Prodes, do Inpe, ultrapassou os 13 mil quilômetros quadrados. Astrini acredita que os dados que serão divulgados em novembro repitam os do ano passado, ou sejam piores. “A tradição no Brasil é de que, em anos eleitorais, ocorra uma diminuição das operações de fiscalização e de multas. A crença é a de que não se deve multar o eleitor, para não perder o seu voto“, diz ele.

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  1. O que aconteceu com os agricultores que plantavam arroz em suas terras em Roraima e que foram expulsos quando houve a expropriação para criar a Reserva Raposa Serra do Sol ? Hoje Roraima "ímporta" arroz do sul do país. Na época Roraima era autosuficiente. Muitos " arrozeiros " foram embora.

  2. Sem dúvida, na 1ªgestão do sapo, os madeireiros clandestinos fizeram a festa na floresta amazônica, nunca se desmatou tanto e nunca se contrabandeou tantas madeiras nobres para os receptadores europeus, asiáticos e americanos.

  3. É fundamental q o próximo presidente, seja qual for, se comprometa c desmatamento ilegal ZERO, prisão d grileiros, desmatadores, incendiários e garimpeiros ilegais. Primordial proteger adequadamente e humanamente todos os povos indígenas, c assistência à saúde, educação e cultura. Peço que a Crusoé transmita este pedido aos candidatos e aos dirigentes dos debates nos próximos debates antes das eleições. Turismo é a + rica das indústrias, devem incentivar os indígenas e ajudá-los no Turismo.

  4. A desonestidade intelectual e as mentiras do Bolsonaro, são repugnantes. Tudo que sai da boca deste indivíduo cheira mau. Se fosse somente o mau cheiro, poderia relativizar. Mas causam destruição do Meio Ambiente e mortes. Lula também cheira mau. Mas com ele eu vou conseguir uma acomodação olfativa ao longo do tempo. Para fechar a porteira da devastação ambiental, eu voto Lula 13.

  5. É triste que, ao mesmo tempo em que a ladainha de que somos péssimos quanto ao meio ambiente é falsa, o presidente, que diz isso, mina as coisas boas que foram construídas na área e que não são reconhecidas nem por quem as desenvolveu. Nos sentimos os piores do mundo, tendo feito muito por essa causa e em vez de apenas ter esse esforço reconhecido, sofremos perdas. Um meio termo e seguir em frente seria muito proveitoso! Defender e reconhecer o que a população rural arca para a preservação…

    1. O Brasil é, mesmo, péssimo na preservação do meio ambiente. É coisa antiga, vem desde a exploração do pau-brasil para produção de corante vermelho. A árvore só foi salva da extinção porque a Ciência começou a produzir corantes artificiais. Qualquer dúvida sobre nosso poder de devastação é só comparar como era Rondônia vista do espaço em 1984 e como é vista hoje.

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