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O que os mísseis da Coreia do Norte têm a ver com a invasão da Ucrânia

27.03.22 18:31

Nesta quinta-feira, 24, a Coreia do Norte realizou um teste com um míssil intercontinental balístico, com capacidade para carregar uma ogiva nuclear. Foi o primeiro evento com um armamento do tipo desde 2017. Como o país geralmente faz experimentos nucleares ou lança mísseis em datas especiais, a cena deve se repetir nas próximas semanas. Em 10 de maio, o próximo presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, tomará posse. Em 11 de abril, o ditador Kim Jong-un completará uma década no poder. Em 15 de abril, seu avô, Kim Il-Sung, faria 110 anos.

No momento em que governantes do mundo todo estão preocupados com a guerra na Ucrânia, esses “testes” da Coreia do Norte são uma tentativa de lembrar que o ditador do país segue com suas ambições de unir a península coreana e de voltar à mesa de negociação com os Estados Unidos.

Com a guerra na Ucrânia, Kim Jong-Un ganhou ainda mais confiança. A invasão russa, afinal, seria mais uma prova de que a bomba nuclear é o melhor escudo para proteger a soberania de um país.

Em 1994, a Ucrânia abriu mão de seu arsenal, o terceiro maior do mundo, e foi atacada em 2014 e 2022. Em 2003, o ditador líbio Muamar Kadafi desistiu de seu programa de armas de destruição em massa e, oito anos depois, viu seu país sofrer uma intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan.

Diante do atual cenário, Kim Jong-un também deverá enfrentar menos resistência organizada para continuar com seu programa nuclear. “Agora, seriam necessários muitos esforços coordenados entre Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e até com a China para desnuclearizar a Coreia do Norte, mas isso parece muito improvável“, diz o cientista político Yong-Chool Ha, professor da Universidade de Washington e especialista em Coreia do Norte. “Há uma tensão hoje entre Estados Unidos e China por causa da Ucrânia, o que dificulta a retomada das conversas.”

Em dez anos no comando da nação, Kim Jong-un já realizou quatro testes nucleares e 130 de mísseis. Estima-se que ele já tenha 60 ogivas nucleares e poderá produzir meia dúzia de novas bombas a cada ano.

Mesmo assim, a situação nas Coreias parece menos preocupante que a do leste europeu. “Apesar do comportamento ameaçador de Kim, não acredito que a Coreia do Norte vá lançar mísseis nucleares contra a Coreia do Sul ou qualquer outro país. Kim Jong-un sabe que se qualquer confronto militar começar, seu país será dizimado”, diz Yong-Chool. “A situação na Ucrânia é mais preocupante, porque a Rússia acreditava que ganharia fácil, mas está sofrendo muitas baixas. Então, a probabilidade de o conflito ucraniano escalar para uma nova fase mais perigosa é muito maior.”

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  1. Kim Jong Un é igual ao Putin e ambos são o sonho do desvairado BOZO e LULA. Mas povo ignorante ainda quer um desses ditadores no poder.

  2. A tendência, a longo prazo, é de crescimento da escalada nuclear. Considerando os "líderes" envolvidos, dá MEDO!

  3. ... Coreia do Sul e democrática e civilizado. ... Uma nação que saiu do zero em 1953 - renda per capta de países africanos - e está entre os países mais ricos do mundo. ... Exibe educação de primeira qualidade. ... É uma vitrine do mundo civilizado e desenvolvido.

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