Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

Os argumentos do PSDB para tentar convencer Eduardo Leite a ficar no partido

15.03.22 07:12

Os tucanos, em sua maioria da ala anti-Doria, vão fazer um último esforço na tentativa de segurar Eduardo Leite no PSDB. Embora o governador do Rio Grande do Sul esteja em conversas avançadas para ingressar no PSD, integrantes da legenda ainda nutrem esperança de convencê-lo a permanecer na sigla. Pretendem mostrar, sobretudo, os riscos que ele assumirá ao migrar para o partido de Gilberto Kassab e lembrar que ainda existe a chance de João Doria desistir da candidatura ao Planalto.

Antes de embarcar dos Estados Unidos para o Brasil nesta segunda-feira, 14, Leite deu a entender, em entrevista à Rádio Gaúcha, que estaria disposto a aceitar o convite. “Não quero viver com o sentimento de que eu poderia ter feito algo e não fiz, por isso eu vou usar a pista toda antes de tomar a decisão”, afirmou.

Os tucanos, no entanto, vão insistir na tese da fragilidade da candidatura à Presidência do governador de São Paulo, o que pode fazer com que Leite o substitua mais adiante — Doria, para além de não decolar nas pesquisas, vê sua rejeição aumentar cada vez mais.  “Estamos vivendo um quadro de indefinição em relação a permanência da candidatura do Doria. Muita gente defende que ele não saia candidato. Até os paulistas que votaram no Doria não desejam que ele saia. Eduardo Leite tem um nome muito bem aceito por outros partidos também. Quem sabe ele acaba se transformando num consenso?”, questiona um dirigente do PSDB, sob reserva.

O grupo vai argumentar, no entanto, que esse possível consenso em torno do nome de Leite pode ser mais difícil de alcançar já que, caso confirme sua ida ao PSD, ele automaticamente ficará de fora das atuais articulações entre PSDB, MDB e União Brasil em favor de uma candidatura única ao Planalto – essas discussões não incluem o partido de Kassab hoje, o que deixaria Eduardo Leite isolado.

Além disso, os tucanos lembrarão que Leite não será unanimidade nem no PSD, já que parte da legenda defende abertamente hoje que o partido marche ao lado de Lula ainda no primeiro turno. A se consumar esse cenário, além de não conseguir se lançar candidato a presidente, Leite ainda seria obrigado a apoiar ao Planalto um candidato do PT, partido ao qual sempre fez oposição. “Se ele vai correr algum risco no partido para onde ele vai se filiar, melhor que corra risco no partido onde já está”, entende o mesmo tucano.

Na leitura do deputado federal Domingos Sávio, integrante da executiva nacional do PSDB e que apoiou Doria nas prévias do partido, a imagem de “mau perdedor” das prévias do PSDB pode fazer com que Eduardo Leite fique carimbado como um político que não se submete à vontade da maioria, o que o prejudicaria numa discussão futura sobre uma candidatura de terceira via. “No mínimo, ficam algumas dúvidas: se ele não aceitou a primeira decisão, onde o partido, majoritariamente, escolheu João Doria, será que se dispõe a ir para uma discussão onde se coloquem três ou quatro nomes? E se, mais uma vez, o nome dele não for escolhido, será que ele vai se curvar à vontade da maioria?”, questiona.

O parlamentar acrescentou que respeitará uma eventual decisão de desfiliação do correligionário, mas avaliou que esse não seria “o melhor caminho”. “Quando você começa a fragmentar, fica um pouco visível que interesses regionais ou até pessoais falam mais alto que o interesse nacional”, pontuou. “Torço para que ele continue conosco e aguarde o momento em que possa servir ao partido em uma candidatura nacional, porque acho que ele tem potencial para isso. Esse momento não deve demorar muito”, concluiu Sávio.

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  1. Infelizmente a memória curta é um mal que assola este nosso Brasil! O povão se esquece dos malfeitos dos políticos e também das boas coisaa que fizeram! No caso do Eduardo Leite, há que se lembrar que assumiu o Rio Grande do Sul em frangalhos e o recuperou, revelando-se excelente gestor público! Dentre todos os aspirantes à Presidência que estão postos, ele é, sem dúvidas, o único que pode se achar o dono fa cocada preta!

  2. Eduardo Leite e Sergio Moro provavelmente seriam a terceira via ideal, não importando quem encabeçasse a chapa, mas sabemos que isso não irá acontecer. O governador deverá seguir com seu mandato, eventualmente fora do PSDB e embora ele seja contra a reeleição, o mais provável é se reeleger para não ficar de fora do cenário político. A estratégia de se ausentar como ocorreu no hiato entre Pelotas e o governo estadual, é mais difícil de viabilizar em nível nacional.

  3. Tem algum bom perdedor aí desses presidenciáveis? O Dória teria um comportamento diferente se tivesse perdido para o Leite?

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