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Por que a recusa de vacinação de Bolsonaro não causará uma crise diplomática

03.05.23 14:46

A operação Venire da Polícia Federal desta quarta, 3, e a acusação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro fraudou os sistemas de vacinação não devem gerar uma crise diplomática com os Estados Unidos ou com outros países.

Segundo uma nota da Polícia Federal, a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde ocorreu entre novembro de 2021 e dezembro de 2022. “Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid-19“, diz o informe da PF.

Contudo, Bolsonaro sempre afirmou que não tomou a vacina de Covid-19. Nas viagens que ele fez ao exterior, as autoridades que o receberam já contavam com isso e avaliaram os riscos.

Em setembro de 2021, Bolsonaro abriu, como de costume, a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. A carteira de vacinação não foi um problema, porque a organização não exigiu certificado de vacinação dos chefes de Estado e de governo. Com as campanhas de imunização em andamento em vários países, calculou-se que o risco não seria alto. Bolsonaro teve reuniões bilaterais com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, com o presidente da Polônia Andrzej Duda e com o secretário-geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, a ONU.

A viagem seguinte para os Estados Unidos foi em junho de 2022, para a Cúpula das Américas. Foi quando, pela primeira vez, Bolsonaro esteve com o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (foto). Ele também esteve com vários governantes da América Latina no mesmo evento. Não precisou mentir para ninguém. Na condição de presidente, Bolsonaro entrou no país em um avião da Força Aérea Brasileira e não passou pelos procedimentos de alfândega.

Bolsonaro deu várias declarações dizendo que não tinha sido vacinado, então ele provavelmente foi dispensado dos procedimentos sanitários. Se ter um certificado fosse uma exigência, ele nem teria feito a viagem“, diz Alexandre Pires, professor de relações internacionais do Ibmec em São Paulo. “Ainda que a alteração de documentos oficiais no Brasil, se confirmada, seja um crime, isso não afeta as relações internacionais. São dois mundos diferentes: a questão jurídica interna e a diplomacia das viagens oficiais“, diz Pires.

Bolsonaro ainda voltou aos Estados Unidos no final do ano passado para a Assembleia Geral da ONU e em dezembro, para tirar férias e não passar a faixa presidencial para Lula. Em todas essas ocasiões, Bolsonaro entrou nos Estados Unidos sem problemas. Aliás, seria impossível ele ter feito isso de maneira ilegal.

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    1. Para as narrativas cinivas e criminisas do bando empoderado e para a perseguição imoral que os sequazes fazem para babar o chefão.

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