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Quem está por trás do atentado ao blogueiro militar russo

03.04.23 11:27

O blogueiro militar pró-Russia Vladen Tatarsky (foto) morreu no domingo (3) quando uma estátua que ele ganhou de presente de uma mulher explodiu em um café de São Petersburgo. Ele tinha mais de 550 mil seguidores no Telegram e era um dos maiores entusiastas da guerra, que para ele deve acabar logo com o Estado ucraniano.

Em agosto do ano passado, Daria Dugina, filha do ideólogo Alexander Dugin, morreu quando um explosivo que estava no carro do seu pai foi detonado. Dugin, conhecido como o “filósofo de Putin“, escapou porque entrou em outro carro para fazer o mesmo percurso.

Nos dois casos, as agências russas responsabilizaram a Ucrânia pelas mortes. Desta vez, sobrou também para o opositor Alexei Navalny. “O ataque contra o conhecido correspondente militar Vladen Tatarsky foi planejado por serviços ucranianos com o envolvimento de agentes da Fundação Anticorrupção (FBK) de Alexei Navalny“, afirmou o Comitê Nacional Antiterrorista.

A citação a Navalny apenas um dia após o atentado mostra que o governo russo, mesmo sem aguardar uma investigação apropriada do episódio, quer ampliar a sentença de prisão do opositor de Putin ou fechar o cerco aos seus seguidores. “Navalny está preso e seria difícil que ele comandasse algo desse tipo. Mas as pessoas que estiveram envolvidas em suas campanhas têm uma visão muito negativa do atual governo russo, e elas provavelmente estarão debaixo de um crivo mais duro pelas forças policiais“, diz Valdir Bezerra, especialista em relações internacionais da USP, que vive em São Petersburgo.

A professora de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense, Raquel Missagia, concorda: “Para Moscou, é importante estabelecer essa associação entre a FBK e a morte de Tatarsky, pois isso torna a oposição ainda mais criminalizada e com uma imagem manchada pela violência em seus meios de ação“.

Quanto às menções à Ucrânia, existe, sim, a suspeita de que os serviços secretos desse país estejam por trás, embora o governo em Kiev nunca tenha admitido autoria. Nesse caso, eles provavelmente estariam atuando com ajuda de cidadãos russos. “Algum tipo de colaboração interna em eventos desse tipo sempre ocorre. Foi o que aconteceu na explosão da ponte da Crimeia, que também foi planejada pela Ucrânia“, diz Bezerra.

O objetivo desses atentados contra defensores da invasão da Ucrânia é a intimidá-los. “Eles querem dizer a todos aqueles que são influenciadores no campo intelectual, como Daria Dughina, ou correspondentes militares, como Tatarsky, que eles não estão seguros se defenderem que a região do Donbas pertence à Rússia“, diz Bezerra.

Com esses ataques, pessoas que visitem e estabeleçam contato com as regiões mais conflagradas da Ucrânia estão sendo avisadas que poderão ser monitoradas e, se de fato representarem uma ameaça, sofrerão atentados“, diz Missagia.

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    1. Que coisa, nota-se que demonstrações de ódio (do bem) são como baratas, surgem onde vc mais espera e onde menos espera TAMBÉM. Acho que o Creme Nivio, de letras tão moderadas, acabou de vencer o prêmio “Luiz Gama” de direitos humanos. 🥱🥱🥱 🍷🗿

  1. Existe oposição russa a guerra. De um milhão de refugiados na Georgia, 700 mil são reservistas e outros em idade para o serviço militar. No início da guerra muitos com mais posse se refugiaram nos países nórdicos. O restante sabotou centros de alistamento entre outros alvos. Parece ser plausível ato de oposição à guerra e anti Kremlin, como existe oposição pró Kremlin na Ucrânia.

  2. Alexei Navalny é um embuste de opositor. Único opositor que continua saudável e vivo. Impressionante. Do tipo daquela blogueira oposicionista, querida dos Petucanos, que nunca foi presa pelo regime cubano. As declarações de Navalny sobre invasão da Ucrânia são compatíveis com as do Kremlin.

  3. Certamente, para o governo russo este será apenas mais um número a somar às dezenas (centenas?) de milhares de mortes que o carniceiro Vladimir Putin está provocando. Putin e seus fantoches consideram a vida totalmente descartável. Incluindo a dos próprios russos que ele manda para o moedor de carne da guerra. E de crianças indefesas. Genocida. Selvagem.

  4. A pergunta é, será que cidadãos da Rússia, contrários ao governo e à guerra, realmente tem força e organização para planejar e executar um atentado como esse? Se sim, devemos esperar para breve a deposição de sabem quem. Se não for, estamos vendo uma nova forma de combate, onde não se assume o crime e mais, diz-se que quem o cometeu foram os habitantes do próprio país. Bela tergiversação. Coisas estão ocorrendo e a maioria não percebe. Parece uma criação de centros de inteligência, muito intelig

  5. A Ucrânia não é certamente um país de devotos democratas. Tem recebido apoio da Inteligência americana para alguma operações especiais: a explosão na ponte da Crimeia, a bomba no carro de Dugin, o rompimento do gasoduto no Mar do Norte e, agora, esse atentado. A guerra tambtse projeta nas sombras.

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