Governo do Estado de São Paulo

Sem concluir nada, inquérito sobre vídeo associado a Doria expõe fragilidade para punir jogo sujo eleitoral

16.03.22 07:12

Ressuscitado pela Polícia Federal quase quatro anos após seu início, o inquérito que apurava a divulgação de um vídeo com cenas de uma orgia sexual supostamente protagonizada pelo governador João Doria (foto) na campanha de 2018 foi arquivado sem conseguir identificar os responsáveis pelo crime de difamação eleitoral contra o tucano e deixando interrogações sobre a gravação que sacudiu as eleições daquele ano.

A pedido do Ministério Público de São Paulo, o juiz Emílio Migliano Neto, da 1ª Zona Eleitoral, determinou o arquivamento da investigação que foi iniciada em dezembro de 2018, a pedido do próprio Doria, que alega ter sido vítima de “fake news” por meio de uma montagem. No vídeo disseminado por WhatsApp às vésperas do segundo turno da eleição ao governo paulista, um homem com feições semelhantes às de Doria aparece em uma orgia com seis mulheres.

Como revelou Crusoé na semana passada, a PF elaborou um laudo pericial no qual descarta “sinais de adulteração” nas imagens, contrapondo a versão apresentada pelo atual governador, e chamou para depor uma assessora parlamentar apontada como participante do encontro. Pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Doria acusou a PF de utilizar o caso para atingi-lo politicamente.

Depois que a assessora negou qualquer envolvimento no episódio, na última terça-feira, 8, o delegado Leonardo Henrique Rodrigues enviou um relatório ao Ministério Público dizendo não ter identificado os autores da gravação e da disseminação do vídeo. Ressaltou ainda que a perícia da PF não conseguiu identificar nenhuma das pessoas que aparecem nas imagens por causa da baixa qualidade.

Além da assessora parlamentar, a PF ouviu no período dois homens que teriam compartilhado o vídeo que viralizou em um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro no WhatsApp, em outubro de 2018, e um vereador opositor de Doria que explorou o episódio durante a campanha.

Com o relatório da PF em mãos, o promotor eleitoral Luis Gabos Alves emitiu um parecer pelo arquivamento do inquérito, alegando que, após mais de três anos de investigação, não foram encontradas pistas sobre a autoria do vídeo nem de quem o divulgou nas redes sociais.

Classificado por Doria como o “maior crime eleitoral já realizado contra um candidato na história do Brasil”, o caso envolvendo o vídeo da orgia expõe a fragilidade dos órgãos de investigação em punir o jogo sujo eleitoral, que neste ano tende a ser pior do que foi em 2018.

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  1. Esse jogo sujo da politicalha barata precisa ser combatido com mais veemência. Já existem ferramentas que permitem identificar os autores desses desatinos. Os eleitores merecem mais respeito.

    1. A questão do video claramente não tem a ver com adulteração, mas sim que foi forjado para parecer Doria. A qualidade do vídeo é ruim de forma arbitrária, dá pra ver que foi borrada de propósito. Não acharam os autores porque não quiseram.

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