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Tiros e sirenes: Kosovo pode ser a próxima guerra da Europa

01.08.22 11:42

O Kosovo, pequeno país que declarou independência da Sérvia em 2008 mas não é reconhecido pelo Brasil, pode se tornar o palco da próxima guerra europeia, e o rastilho de pólvora que pode detonar um novo conflito tem sua origem na invasão russa na Ucrânia.

Neste domingo, 31 de julho, ocorreu uma troca de tiros entre sérvios e kosovares na fronteira entres os dois países. Sirenes antiaéreas soaram em Kosovo.

No mesmo dia, pela tarde, Maria Zakharova, diretora de imprensa do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, deu uma declaração em que se dizia preocupada com a população sérvia que vive em Kosovo — espelhando o argumento usado pelo presidente russo Vladimir Putin para invadir a Ucrânia, em fevereiro.

Zakharova reclamou de políticas “discriminatórias e não razoáveis” que estariam sendo adotadas pelo governo kosovar, com capital em Pristina, de não reconhecer os documentos de habitantes sérvios a partir desta segunda, 1º de agosto. Segundo ela, o objetivo seria expulsar os habitantes da minoria sérvia no país. “Os líderes kosovares sabem que os sérvios não ficarão indiferentes quando se trata de um ataque direto às suas liberdades e isso pode escalar deliberadamente para um cenário militar“, disse a russa Zakharova. Ela também aproveitou para criticar a falha da União Europeia em mediar o conflito.

Aqui cabe uma explicação histórica. A guerra entre a Sérvia e Kosovo terminou em março de 1999, quando a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, iniciou um bombardeio para encerrar o conflito, sem aprovação da ONU. Tropas russas que estavam dentro de Kosovo para apoiar os iugoslavos (com o fim da Iugoslávia em 2003, eles passaram a ser chamados de sérvios), deixaram a área, humilhadas.

Kosovo não se tornou membro da Otan, mas uma força de paz internacional, liderada por essa aliança militar, a Kfor (foto), instalou-se no norte do país, perto da fronteira com a Sérvia, para impedir novos ataques e realizar ações humanitárias.

Os russos nunca engoliram isso, pois acham que se trata de uma intervenção militar indevida dos Estados Unidos em um território que, segundo eles, continua sendo parte da Sérvia. A Rússia, portanto, não reconhece Kosovo.

Além disso, Depois da declaração de independência do Kosovo, em 2008, muitos sérvios, que são majoritariamente cristãos ortodoxos, deixaram o novo país, de maioria muçulmana.

Um conflito militar no Kosovo pode ser uma maneira de Vladimir Putin espezinhar a Otan e os Estados Unidos e se vingar do atoleiro na Ucrânia, onde tropas russas estão com dificuldade de avançar devido ao apoio de países do Ocidente ao governo ucraniano.

Kosovo tem menos de 2 milhões de habitantes, mas um conflito com a Sérvia poderia ter consequências desastrosas. Além de existir uma força da Otan instalada no país, a Sérvia é membro-observador da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, a OTSC, uma aliança militar comandada pela Rússia, criada em 1992. Assim como a Otan, a OTSC estipula que, em caso de um ataque a um de seus membros, seus demais membros devem reagir.

Em reuniões de cúpula recentes, a Rússia tem reforçado o papel da OTSC. No caso de um conflito militar, é possível que essa aliança se torne mais ativa nos Balcãs“, diz o analista internacional argentino Andrés Serbin, do think tank regional Cries, com sede em Buenos Aires. “Para piorar as coisas, a Otan também já disse que está disposta a intervir.”

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  1. As condições para uma terceira grande guerra estão se formando. Quem ganha com isso? EUA, pois a segunda grande guerra alavancou sua produção industrial, e países exportadores de alimentos, como Brasil, Argentina e os próprios EUA. A Rússia, claro, está guerreando por uma nova ordem mundial na qual ela é China substituam os EUA.

  2. Os ânimos estão exacerbados. Todos aqueles que estavam segurando seus desejos de invasão, guerra, matança encontraram o momento ideal para fazê-lo. VIDA CURTA AOS ASSA.SSI.NOS

  3. Tá complicado tudo mesmo! Primeiro foi a COVID-19, depois o Putin e agora ainda isso! E em outubro é a vez do Brasil de atrasar e perturbar o juízo da gente ainda mais - seja com o sociopata ou com o delinquente de 9 dedos. O mundo tá cada vez mais frito gente!

    1. Juerg, faço minhas as suas palavras. Minha esperança é inventarmos na marra uma terceira via qualquer. Voto no que tiver mais chance de desbancar os dois populistas. Na pior das hipóteses, a esperança (rs) é o Cunha voltar e o Alckmin virar um Temer. Tudo é possível...

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