Agência Brasil/Antônio Cruz

Unasul, Celac e os inúteis “clubes de amigos ideológicos”

07.04.23 11:25

O presidente Lula publicou um decreto nesta quinta (6) para colocar de volta o Brasil na União de Nações Sul-Americanas, a Unasul.

Capitaneada pelo ditador Hugo Chávez, a entidade foi criada em 2008 para projetar o poder do líder bolivariano na América Latina e, ao mesmo tempo, afastar a influência dos Estados Unidos (a foto desta reportagem traz um encontro preparatório da Unasul, também em 2008. Os rostos são quase todos conhecidos).

Do Brasil, o PT rapidamente se prestou a apoiar a iniciativa, pois foi uma maneira de dar vazão ao seu antiamericanismo adolescente, que ainda não se desvencilhou de conceitos mofados da Guerra Fria (leia o artigo de Augusto de Franco nesta edição semanal da Crusoé).

Depois de criada formalmente, a sede da Unasul foi construída em Quito, no Equador, em um edifício que custou 40 milhões de dólares. Uma estátua que custou 114 mil dólares do falecido presidente argentino Néstor Kirchner foi colocada na frente do edifício.

Em 2019, ao se comprovar como um palanque político sem utilidade prática, o presidente equatoriano Lenín Moreno, de esquerda, anunciou que seu país deixaria a Unasul e que o prédio seria doado a uma universidade indígena.

Outro bloco que foi criado com motivo parecido foi a Comunidade dos Estados Latino Americanos e Caribenhos, Celac, cuja primeira cúpula ocorreu em Caracas, em 2011. A diferença é que a Celac ampliou mais o leque e incluiu países caribenhos, como Cuba.

Quem melhor definiu a função desses dois blocos foi o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou, em uma reunião da Celac, que ele chamou de um clube de amigos ideológicos.

Devemos dar pequenos passos, mas em uma mesma direção. E não fazer grandes discursos, que nos congelam sob os conceitos de solidariedade e outros muito bonitos, mas que às vezes não podem ser colocados em prática”, disse Lacalle Pou.

Lula, que estava no mesmo evento, também deu a sua contribuição e disse qual era a função da Celac.

Com relação à Cuba, eu acho que a criação da Celac foi uma inspiração extraordinária, porque é a primeira reunião entre países que a gente faz na América Latina, sem a participação de outros países, sobretudo dos Estados Unidos e do Canadá. É só a América Latina de verdade. E eu acho que é um espaço extraordinário para que a gente possa discutir, aprender e a ensinar, para que os outros possam aproveitar as coisas boas que nós fazemos e resolver conflitos. É possível, e é o único fórum internacional em que Cuba participa. E eu tenho orgulho de ter participado da construção desse fórum. E tenho muito orgulho de os cubanos participarem“, disse Lula.

No governo de Jair Bolsonaro, o Brasil abandonou a Unasul e a Celac, sem sofrer qualquer problema por isso, a não ser a de deixar de enviar dinheiro para estruturas desnecessárias.

Para o PT, em 2023, voltar a fazer parte de ambos grupos é uma questão de honra, embora eles não tenham nenhuma utilidade prática, a não que se considere como tal fazer política partidária, dar as costas para os Estados Unidos e apoiar a ditadura cubana.

Retornando à Unasul, o Brasil terá de pagar 7 ou 8 anos de anualidades atrasadas, sendo que a organização nem sequer possui sede atualmente. Os petrodólares chavistas acabaram e a luxuosa sede virou uma universidade em Quito. O que a Unasul trará de efetivo para o Brasil: retórica?“, escreveu o embaixador Paulo Roberto de Almeida, colunista de Crusoé, no Twitter.

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  1. Cada povo tem o governo que merece. Quem mandou eleger o ladrão? Quem mandou fazeruele? Agora temos que aguentar um presidente que vive no século passado e para completar é ladrão e corrupto. Que Deus tenha misericórdia de nós brasileiros!!!!

  2. As esquerdas, o PT em particular, parecem ainda discutir se o cinema mudo é que deve ser valorizado, ante o falado, que deve ser descartado. O mundo está no século 21; as esquerdas estacionaram no 19.

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