MPF manda apurar denúncia de ‘fantasmas’ em conselho federal

01.04.22

O Ministério Público Federal pediu à Polícia Federal para investigar denúncias graves de irregularidades no Conselho Federal dos Técnicos Industriais, o CFT, cujo orçamento ultrapassou os 131 milhões de reais no ano passado. Trata-se de uma autarquia nascida de uma cisão no Confea, o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – na separação, o Confea seguiu representando engenheiros e agrônomos, mas os técnicos industriais, com formação de nível médio, passaram a ser representados pelo CFT. As denúncias mencionam indícios de pagamento irregular de diárias, fraude em licitações e contratação de funcionários fantasmas. No rol de empregados está a mulher do deputado federal gaúcho Giovani Cherini, vice-líder do governo na Câmara e presidente da Frente Parlamentar do Ensino Técnico, que trata de interesses relacionados à categoria representada pelo conselho. Adriane Cerini (assim mesmo, sem o “h”) está nomeada desde 2019, com salário bruto de 13,7 mil reais. De acordo com a denúncia, ela seria funcionária fantasma.

Em suas redes sociais, Adriane, que já trabalhou como assessora do gabinete do marido e hoje preside o PL Mulher no Rio Grande do Sul, publica com frequência registros de participação em eventos do partido. A Crusoé, ela negou ser fantasma. Disse que é assessora parlamentar e de relações institucionais do CFT e que presta serviços remotamente. O presidente do conselho, Wilson Vieira, também nega a existência de irregularidades. “Os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência norteiam a minha gestão, assim como os valores morais e éticos que adotei ao longo da minha trajetória profissional”, afirma. Um dossiê relatando as mesmas suspeitas foi enviado ao Tribunal de Contas da União, que também abriu um procedimento para apurá-las. Conselhos profissionais como o CFT e o Confea são submetidos ao crivo dos órgãos de fiscalização federais por funcionarem graças a recursos provenientes de anuidades e taxas obrigatórias cobradas com a chancela do governo.

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